MEIO AMBIENTE
O significado do nome Mearim pode vir do tupi: mbiá-r-y: o rio do povo; o rio da gente navegar. Pode vir também de mbiar-y: o rio dos prisioneiros ou onde se tomam cativos; rio da caça. Com uma extensão de 930 quilômetros, nasce na serra da Menina, entre os municípios de Formosa da Serra Negra, Fortaleza dos Nogueiras e São Pedro dos Crentes, numa altitude que varia de 400 e 500 metros. Depois de percorrer todo o seu trajeto, deságua na baía de São Marcos, entre a capital maranhense São Luís e o município de Alcântara, também no mesmo estado.
De regime pluvial, é durante suas enchentes, no primeiro semestre do ano, que o Mearim costuma demostrar sua força. Durante esse período, os moradores das áreas afetadas sofrem com as inundações, desabrigamentos e perdas de bens materiais. As ideias de Tucci e Bertoni (2003), só corroboram com o exposto:
A população de maior poder aquisitivo tende a habitar os locais seguros ao contrário da população carente que ocupa as áreas de alto risco de inundação, provocando problemas sociais que se repetem por ocasião de cada cheia na região. Quando a frequência das inundações é baixa, a população ganha confiança e despreza o risco, aumentando significativamente o investimento e a densificação nas áreas inundáveis. Nesta situação as enchentes assumem características catastróficas (TUCCI; BERTONI, 2003, p. 54 e 55)
A partir dessa afirmação é importante destacar a existência de ações culposas ou não da população ribeirinha e, que de certa forma contribuem para o agravamento das condições socioambientais, notadamente devido ao descarte de forma inadequada, do subproduto do consumo (lixo), a retirada desordenada de areia de seu leito e da sua mata ciliar.
Ante o exposto, não é possível falar do rio Mearim sem exaltar sua importância na formação histórica das cidades que nasceram às suas margens. O rio ainda possui trechos com boas condições de navegabilidade, além de contribuir para o abastecimento de água potável para a população ribeirinha e diversas outras formas de aproveitamento econômico. Mas, embora exaltado por poetas, músicos e escritores, o rio já não é mais o mesmo de outrora.
“Na minha saudade passa um Rio” ( O Rio – Samuel Barrêto e Netto Kawakos)
“Tento ser o mesmo de outrora,
Jogar bola, banhos no rio,
E a liberdade
Na carreira do tempo.
Sofro… Nem mesmo o Velho Rio
Tem o mesmo trajeto…
O caminho é outro”.
(Samuel Barreto – Tempo e Idade)
O projeto de lei datado de 12 de novembro de 1993 (Lei nº. 5.816 ), de autoria do Deputado Kleber Branco, instituiu o segundo domingo de novembro como o “Dia do Rio Mearim”. Neste dia de comemoração e de conscientização é preciso destacar a importância do rio para a biodiversidade, a cultura local e a economia da região. É um momento também para mostrar seus problemas, como a poluição e o desmatamento.
O Rio Mearim é parte fundamental da identidade cultural das comunidades ribeirinhas. Comemorar sua existência ajuda a fortalecer os laços comunitários e a valorização das tradições locais. Assim, celebrar o Dia do Rio Mearim é um ato de resistência e esperança, que busca promover um futuro mais saudável e sustentável para o rio e suas comunidades, mesmo diante dos desafios que enfrentam.
Manifestações são feitas sempre para lembrar a importância de uma das maiores riquezas de Pedreiras e outras cidade que são banhadas por esse gigante caudaloso, que apesar do seu grande e alto grito de SOCORRO, muita gente continua castigando e o explorando de forma prejudicial, causando danos para quem mais precisa, como os pescadores, que hoje veem os peixes mais conhecidos desaparecerem aos poucos.
Por José Edson da Silva Barrinha, professor de Geografia do IFMA/Pedreiras
Referência
TUCCI, Carlos E. M.; BERTONI, Juan Carlos (org.). Inundações urbanas na américa do sul. Porto Alegre: Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 2003. 129 p
