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sábado, março 22, 2025

Uma noite memorável ao som da banda Pedra Grande, reinterpretando “A lavadeira e o lavrador” em um projeto de O Pedreirense

João do Vale vive


A Obra de João do Vale pode ser estudada e compreendida de inúmeros aspectos, já que possui um grande acervo e passou por diversas fases da música brasileira. No que se refere especificamente as suas músicas (solo ou em parceria), é tão significativa quanto muitas outras da Música Popular Brasileira (MPB). No entanto, em muitos aspectos, principalmente pelo poder público, parece ser esquecida ou desprezada no que se refere a sua potencialidade cultural.

A própria figura do João, o homem e não o artista, sofre também pela não valorização da sua própria história de vida, de desafios e de superação. De alguém que, contrariando as expectativas, devido as marcas e estereótipos que carregava, de um homem com quase nada de estudo, sem capital econômico e político, mas que conseguiu levar sua arte ao mais alto nível da experiencia musical brasileira.

João tinha tudo para não acontecer como músico profissional, quando levamos em consideração as características de racismo e de preconceito do nosso país naquela época, mas mesmo assim se tornou um dos maiores nomes da MPB, porque além de um grande carisma, tinha um excecional talento musical e de poeta. Na verdade João por sua genialidade, não teria como não ser notado. E tanto foi que se tornou referência da música brasileira.

Suas composições carregadas de sentidos diversos, podem ser exploradas nos mais variados tipos de conhecimentos, do popular ao acadêmico, de situações cotidianas a grandes reflexões filosóficas e sociológicas.

Não me atrevo a dizer que João do Vale a nível nacional seja o artista mais desprestigiado do Brasil, pois são inúmeras as homenagens que o mesmo recebeu em vida, como também após sua partida. Mas vale destacar que ainda se faz pouco pela memória da sua tão grande Obra.

O Brasil, o Estado do Maranhão e Pedreiras tem prestigiado esse tão grande homem, músico e poeta, mas é preciso fazer ainda mais pelo seu legado, para que as gerações de hoje e do futuro tenham a dimensão correra da sua grande importância na cultura Maranhense e do Brasil. Para que todos compreendam a dimensão de sua grandeza artística.

Mas como nem tudo é lamentação, e existem aqueles que desafiam o improvável, como tantas vezes fez João. Em Pedreiras existe um grupo (não é o único) que faz jus a memória da Obra do Poeta do Povo. Podemos perceber isso a partir do trabalho audiovisual da releitura da música “A lavadeira e o lavrador”, exibido no Cine Pedreiras no Center Valley Shopping na noite de ontem, 03 de maio de 2023.

No ano em que João completaria 90 anos, o Projeto “A lavadeira e o lavrador” idealizado pelo portal de notícias O Pedreirense nas pessoas de Joaquim Cantanhede e Mayrla Frazão juntamente com a banda Pedra Grande e os parceiros WM Studios (Welysson Melo), Francinete Braga, produziram a releitura dessa música de uma forma surpreendente, como também realizaram uma produção de um clip de maneira muito profissional e artística, que surpreendeu a todos, pela qualidade e pela sensibilidade.



Vale ressaltar que essa foi uma produção independente, contando apenas com parceiros e voluntários que compreenderam a ideia do projeto e que disponibilizaram tempo, recursos, energia, corpo e espírito nessa proposta de releitura da música de João do Vale.

Esse projeto que traz uma nova roupagem da música A lavadeira e o lavrador, a partir de uma interpretação de uma banda de rock pedreirense, a banda Pedra Grande, mostra a riqueza das músicas de João. Uma música que aborda a questão da dualidade seca/chuva (inverno/verão), tão marcante na realidade cotidiana do sertanejo, e principalmente a inquietação do poeta frente a necessidade de sobrevivência da lavadeira, que precisa de sol para a roupa secar, e do lavrador que necessita de chuva para lavoura. Sem entrar em uma análise muito profunda da letra da música, ainda mesmo assim podemos entender a profunda reflexão que obra possibilita.

Assim como esse projeto que de maneira brilhante mostra novos talentos do audiovisual maranhense, esperamos que outros surjam e que contem com o apoio tanto do poder público quanto da iniciativa privada. E que assim, como esse grupo teve a ousadia de fazer cultura com as temáticas de Pedreiras e do Maranhão, como tão bem fez nosso poeta maior, outros tantos ousem sonhar e reinaugurar novos tempos para a cultura da nossa cidade, mas que sempre não esquecendo daquele que levou nosso nome para o mundo, o maranhense do século XX, o Poeta do Povo, aquele que “muita gente desconhece”, mas que é e sempre será a maior referência da cultura de Pedreiras João Batista Vale.

Viva João, viva O Pedreirense, viva a Banda pedra Grande e viva cultura de Pedreiras.

Por Jaime Ribeiro, professor de Geografia

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