Coluna do Pe. Zé
Hoje (17), o Santuário de São Benedito, em Pedreiras (MA) se vestiu de gratidão e silêncio contemplativo. Não foram palavras, mas gestos que falaram mais alto. Ali, entre bancos, velas e orações, o altar se abriu para acolher este momento sagrado e também a simplicidade de quem, todos os dias, varre as estradas, limpa as calçadas, cuida das ruas como quem zela por um jardim invisível que pertence a todos.
Hoje, o Santuário quis homenagear os garis — esses que, sem púlpito ou microfone, são pregadores diários de respeito à vida e à criação. No gesto humilde do lava-pés, um deles se fez presente, representando tantos outros que, com as mãos marcadas pelo trabalho, nos ensinam sobre dignidade, sobre serviço, sobre amor à cidade que habitamos.
O Santuário se emocionou. Não por piedade, mas por reconhecimento. Porque enxergou, naquele momento tocante, que o chão que pisamos só é caminho porque antes alguém passou por ali, limpando os rastros do descuido humano.
E quando se olha para o horizonte da Campanha da Fraternidade 2025, compreende-se que esses homens e mulheres de uniforme simples são educadores silenciosos do meio ambiente. Ensinaram, sem cadernos ou lousas, que cuidar do que é de todos é também cuidar de si. Que a terra, o rio, o ar e as ruas são extensão da casa comum, e o lixo, que muitos desprezam, é também reflexo do coração de quem consome sem consciência.
Hoje, o Santuário ajoelhou-se diante da beleza que não se veste de luxo, mas de serviço. Os garis, com suas vassouras e suas mãos calejadas, são profetas do cuidado, anunciadores de um mundo mais limpo, não apenas de resíduos, mas de indiferença.
Por Pe. José Geraldo Teófilo, reitor do Santuário de São Benedito, pedagogo e psicanalista clínico.