OPINIÃO
Há quem possa indagar, com todo o direito: por que essa cara fala tanto do Fred? De já adianto, nada pessoal. Ainda que não seja, para mim, uma referência de bom político, Fred é uma liderança política e para o jornalismo, quer goste o jornalista ou não, interessa. Numa terra em que o dito arvora para si uma áurea de salvador do Médio Mearim e parte da imprensa parece temer chamar de suplente quem por hora já não é mais deputado, é bom que existam contrapontos. Se para alguns Fred é tido como o mestre dos magos, sempre aparecendo à beira de nosso apocalipse (a barragem não me deixa mentir), digo que é só mais um hipócrita. Explico.
“Por que os bandidos não se criam em Lago da Pedra? Porque lá os comerciantes se juntam e mandam logo matar”, disse o suplente de deputado, apresentando-nos, em sua participação messiânica radiofônica, um caso de sucesso para nosso caos diário na Segurança Pública. Isso já tendo defendido, na mesma fala, para bom entendedor, uma polícia com ares de milícia, algo que por sinal, deu muito certo no Rio de Janeiro.
Nossa insegurança pública não é de hoje e não vai embora amanhã. Há uma clara insatisfação popular antecedida por um temor que encontra guarida nos dados. O crime organizado avança. Para saber disso nos basta ouvir Ribinha da FM logo cedo. Fred, numa espécie de volta à origem boilsonarista, toma pra si o descontentamento da população arrotando soluções fácies, muitas delas, inclusive, antagônicas à lei.
Sempre digo que para entender sua figura, compreender seu teatro, é preciso ouvir o que não está dito e o que a Difulsora não mostra, por razões óbvias.
O Fred, que em fevereiro prega que as forças policiais façam, ali mesmo no mato, o que ele entende por justiça, é o mesmo que em janeiro curtiu parte de sua mini-férias na companhia de Eduardo DP, apontado pela Polícia Federal, “como sócio oculto da empresa Construservice [construtora com sede em Codó], a 300 km de São Luís, um dos alvos da Operação Benesse, desencadeada em setembro de 2023, que segundo o jornal O Globo, teve por objetivo ‘investigar suspeitas de desvio de dinheiro público envolvendo uma emenda parlamentar do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, quando era deputado federal, repassada pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)’”. Aliás, DP foi preso, sendo libertado após pagar fiança. Ele, como 99% dos acusados, nega envolvimento nesse tipo de “negócio”.
A julgar pelo que Fred disse, certa vez em discurso, Eduardo se encaixa no que entende como “cidadão de bem”. Só é um perseguido pela imprensa.
O primeiro-damo é só mais um hipócrita nesse país em que bandidos do colarinho branco, à direita e à esquerda, passam imunes às bravatas de gente, que assim como ele, se acha o último dos cidadãos de bem, de uma honestidade digna de museu. Mas nunca vi o suplente se enfurecer diante do milionário furto das emendas parlamentares, mesma que a realidade desdentada não ameace morder sua língua. Que punição ele prega aos que, de maracutaia em maracutaia, desviam dinheiro publico da saúde e da educação? Na visão do suplente, que punição cabe aos que furtam a nação?
Alguém viu o senhor das bravatas mandando uma real quando o vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão (PT), aqui esteve, ou segurança pública não é da conta do governo de Carlos Brandão? Ao contrário. O que se viu foi a bajulação de sempre, com quem deveria ter sido cobrado sendo colocado no colo e paparicado.
