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domingo, fevereiro 9, 2025

Mas você trabalhou ou o seu PAI te deu?

Na coluna de hoje, quero expressar meu respeito a todos os pais, que não nos deram nada além de exemplo e educação, pois é tudo de maior valor que um filho pode receber. Essa semana os brasileiros se viram em uma situação de surpresa, que não deveria mais nos surpreender, e me faz questionar no porque ficamos tão chocados com algo comum? Exatamente pela falta de conhecimento, pois a ignorância nos leva a fechar os olhos e nos prender em um mundo de Alice que nunca existiu.

Lembrei-me terrivelmente de um livro que li quando criança na escola, que abordava a chegada da família real ao Brasil. À medida que a professora explicava sobre a monarquia, eu me prendi a uma imagem não tão comentada por ela, duas crianças em uma página colorida; as duas brincavam de cavalinho, a criança branca imponente em seu cavalo, e a criança preta de os olhos tristonhos era o próprio cavalo que carrega aquela criança gorda nas costas. Nunca esqueci dessa imagem! Mais tarde, entendi porque aquilo me causou tanto incômodo.

É triste imaginar que ficamos tão surpresos, que nem paramos para dar nome a essa violência sofrida, que se configura como RACISMO. Sim! O que presenciamos essa semana não foi apenas, agressão e minoração a uma classe econômica ou a classe trabalhista dos moto boys, ou mesmo ao sapato gasto de um garoto simples, foi principalmente pelo desprezo e intolerância étnica. Uma classificação de “raça boa e ruim” que criamos implicitamente. Não falo só do garoto mimado, mas dos nossos silêncios diante a esse histórico de agressões. Como diz o refrão da canção composta por Belchior: “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.”

E o grito de hoje é: “Mas eu não sou racista!” Sim! Somos! Quando deixamos meninos cair de prédios, quando dizemos que a situação tá preta, quando falamos que a inveja é branca, quando dizemos que existe cabelo bom, quando falamos que o mal é escuro, quando dizemos que cota é esmola, quando a negra é mulata. Sim! Precisamos reformular nossa gramática! Esse poderio eurocêntrico ainda está lá.

Enquanto mulata se referir à mula, um animal originado do cruzamento de burro com égua. Seremos racistas!

Enquanto denegrir servir para difamar. Seremos racista!

Enquanto uma lista ruim for uma Lista negra e significar perseguir ou não adentrar em certos ambientes. Seremos racistas!

Enquanto Mercado negro se referir a algo proibido, ilegal, perigoso e ruim. Seremos racistas!

Enquanto a cor do pecado for elogio. Seremos racistas!

Enquanto Inveja branca for uma inveja que não faz mal. Seremos racistas! Ou enquanto o dia de branco se referir a dia de trabalho, responsabilidade e compromissos. Seremos racistas!

Portanto, é evidente que ainda estaremos perpetuando o racismo e o vivenciando de forma velada. Assim, o racismo implícito de nada difere dos gritos escancarados que ouvimos essa semana, ele pode ser ainda pior. Fico pensando em quantos garotos brancos ainda usam essas expressões para machucar, e quantas pessoas usam esses termos sem a real intenção de diminuir, porém o fazem pela falta de conhecimento e reverberam a opressão. Acredito que somente a educação liberta. Eu sou uma otimista! Como bem lembrou o Menino Matheus, trabalhe bastante para ser orgulho ao seu pai, ainda que ele tenha bens materiais a lhe oferecer, do contrário teremos uma nação tão pobre quanto o senhor de nome “bíblico”, que de tão pobre só tem dinheiro.

Por Natália Silva – Pedagoga e estudante de psicologia

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