Uma produção audiovisual marcante que conta histórias maternas de quem (sobre)vive em meio à extrema violência militarizada nas favelas do Rio de Janeiro. O documentário “Enquanto Eu Estiver Vivo: Resistência à Violência Policial no Rio”, coproduzido e codirigido por Cahal McLaughlin e Siobhán Wills, conta o luto transformado em luta de mães que perderam seus filhos em conflitos nas suas comunidades, evidenciando protagonismos de força e superação. O lançamento aconteceu no dia 27 de setembro e contou a participação dos co-diretores, além de Ana Paula Oliveira, do grupo Mães de Manguinhos, Diogo Cabral, representante da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, e Prof. Dr. Ulisses Terto Neto, coordenador geral da campanha.
A abertura do evento contou com a projeção do documentário. Com cerca de 15 minutos de duração, a obra traz vozes importantes para a debate, como a de Camila Santos (Mulheres em Ação no Alemão), Eliene Maria Vieira (Mãe de Maguinhos), Janaina de Assis Matos, oficial da Policia Civil do Rio de Janeiro, Luciana Gomes (Professora de Creche, Morro dos Prazeres), Tendayi Achiume (Relatora Especial sobre Formas Contemporâneas de Racismo/ONU) e Tlaleng Mofokeng (Relatora Especial sobre o Direito à Saúde/ONU).
Cahal McLaughlin e Siobhán Wills, produtores do documentário, iniciaram o evento ressaltando detalhes da obra e a importância de captar este profundo problema social que assola as famílias que habitam em favelas do Rio de Janeiro. O desamparo do estado em suas diversas formas contribuem com os traumas e mortes deixadas neste conflito.
“O Brasil que atravessamos nos últimos anos de intensificação da agenda ultra liberal no Brasil, pós golpe e de um ciclo de violência bruta. Parabenizar toso os envolvidos nessa produção, por retratar e dar voz a defensores e defensoras dos Direitos Humanos que atuam em uma das regiões mais violentas do mundo, e que representa e retrata bem o que as mulheres do nosso Brasil enfrentam. O Brasil é um dos países do globo que mais mata defensores e defensoras de Direitos Humanos”, ressaltou Diogo Cabral, representante da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
“Diariamente, não só em Manguinhos, não só na Maré, mas em várias cidades do Rio de Janeiro, ter essa campanha antirracismo é fundamental, porque essa violência tem um alvo certo, que é a população preta, moradora de favela e periferia. Então não tem como falar dessa violência de Estado que nos atinge, sem falar sobre o racismo, sem propor formas de combater, principalmente o racismo estrutural e também o racismo institucional, que a gente sabe que existe”, conta Ana Paula, do grupo Mães de Manguinhos.
Durante sua fala, Ana Paula descreve as marcas deixadas pelo Estado em sua vida e na de muitas mães que atravessam essa onda de violência e perdas. “Nós perdemos muitas mães que perderam seus filhos e que acabaram adoecendo, sem ter forças pra lutar e acho que isso mostra um pouco do descaso, do abandono. O mesmo Estado que assassina nossos filhos é o mesmo Estado que nos deixa desamparadas”, ressaltou.
O documentário é uma ação da campanha “Afrodescendentes Resistindo à Violência Policial: o impacto do policiamento militarizado na saúde mental da população negra em favelas no Brasil”, coordenada pelo Prof. Dr. Ulisses Terto Neto, conta com o apoio da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), grupo de Pesquisa “Direitos Humanos, Educação e Políticas Públicas” da Universidade Estadual de Goiás) e Universidade de Ulster. Informações sobre data e horário do lançamento devem ser dadas nos próximos dias. Acesse aqui o lançamento do documentário.
A campanha pode ser acessada através dos seguintes links:
Site: https://www.campanhaantirracismo.com/
Instagram: https://www.instagram.com/campanhaantiracismo/
Facebook:
Twitter: https://twitter.com/Antirracismo
Por Ulisses Terto Neto, Diogo Cabral, Mayrla Frazão e Joaquim Cantanhêde