ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O lavrador F. R. nos leva ao igarapé que corta seu pedaço de terra, na comunidade Telha, região campesina do município de Pedreiras, Maranhão. As pegadas do gado, no solo, ainda são marcas de um período chuvoso abundante para uma região sem acesso a água tratada. No que era para ser um curso d’água observamos a seca. O corpo pútrido e inchado de um boi é uma “bomba relógio” prestes a explodir. Baquete farto destinado aos urubus. Para seu F. R. um bicho a menos. Faz falta já que ele não é um rei do gado.
“Vieram fazer uma estrada, botar piçarra de lá do asfalto pra cá. Em vez de ter colocado umas maninhas, para a água continuar correndo até muito tempo, fizeram foi jogar muita piçarra e tampou”, explica o lavrador, de 70 anos, que é aposentado.
Como evidente nas imagens, o tráfego de pessoas e veículos foi garantido, mas a obra, sem acompanhamento técnico, obstruiu parte do curso d’água. Enquanto em uma margem ela fica acumulada, na outra a seca se manifesta.
“A vaca caiu, atolou, porque não tem quase água”. Destaca o lavrador, que acrescenta. “Sem essa obra ele funcionava direito. Corria água até muito tempo”.
O manancial que desagua no rio, além de matar a sede dos bichos que ocupam a mata, também alimenta gente. Vem dele um peixe que a esposa do lavrador trata no quintal de casa. Traíras, curimatás e piabas. Tudo cabe na panela, com caldo ou frito.
O jornal O Pedreirense contatou, via WhatsApp, Marcus Bruniere, secretário de Infraestrutura de Pedreiras. O questionamos sobre os critérios técnicos adotados na execução da obra e o que poderia ser feito para reverter a situação. “Já repassei para engenheira ir até o local”, informou Brunieri.