FOTOGRAFIA
Sob o sol, que aos pouco se vai, o papagaio traça uma rota incerta. No ar, sua conexão com a Terra é uma linha fina, quase imperceptível. Em uma paisagem que muda rapidamente, crianças, jovens e barbados ocupam um espaço privilegiado, com uma vista magnifica de parte da cidade de Pedreiras, Maranhão, que parece despir-se em silhueta perante nossos olhos, enquanto papagaios enfeitam o horizonte neste tempo, em outras épocas chamado ‘tempo de pipa’.
Os mais corajosos passam cerol (pó de vidro que traz perigo e pode causar acidentes) ao logo de toda linha presa à estrutura, feita de papel que reveste um ‘esqueleto’ feito de “talo”. Na disputa chamada de lanceada, vencedor é aquele cuja linha do papagaio consegue cortar a do oponente, no momento do toque. Quando isto acontece, o papagaio cai lentamente, ao sabor do vento, que por vezes o leva para bem longe. É quando a meninada vai, feito cavalo em fuga, em busca, olhando para o céu, vendo-o cair sem um lugar de pouso exato. Nestes tempos regados a
“Smarthphone”, é uma cena linda e rara, que segundo o fotógrafo Joaquim Cantanhêde, marca pela nostalgia e memórias que são acessadas. “Aqui é simples e fácil. É só tacar por cima, carrerar a linha e dizer: bota outro”, explica, cheio de graça, Vitor Gabriel, 18 anos, enquanto fita seu olhar no papagaio sob sua guia. Naquela altura do campeonato, diz ele, já havia perdido as contas de quantas lanceadas havia vencido. Durante parte do ano, as pipas e papagaios serão vistos no céu de Pedreiras, como “aves” que anunciam a proximidade das festas juninas, que literalmente aquecem o coração de nossa gente. Na galeria mais desse tempo de pipa.
