OPINIÃO
A demissão, na noite de terça, faz com que a gestão de Jean Paul Prates na Petrobras seja avaliada mais positivamente do que merece. Prevaleceram na decisão do presidente Lula suas convicções e os palpites dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), dois adversários de Prates. Fora Lula, todo saíram perdendo.
Fritado há meses, Prates caiu quando Lula quis. O presidente escolheu um momento estratégico, em que todas as atenções estão – com razão – voltadas para a tragédia da enchente no Rio Grande do Sul.
O mercado gritará pela saída de Prates, mas o resto do mundo só pensa no sofrimento dos gaúchos. Assim, a troca na Petrobras tende a ter menos atenção e repercussão para o governo.
Prates foi um personagem singular no governo. Em um ano e quatro meses na presidência da Petrobras, conseguiu fazer mais inimigos em Brasília do que alguns notórios antipáticos, como o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante – que, aliás, só perdeu a vaga de Prates porque falou demais ao ser consultado.
Prates falhou por não entender exatamente sua posição. Não atendia parlamentares, demorava a retornar contatos de ministros e, principalmente, não entendeu o que Lula queria e não executou isso. Teve ainda a habilidade de um colegial ao tentar emparedar o presidente, colocá-lo na posição de escolher entre ele e o ministro Alexandre Silveira.
A despeito de qualquer evidência econômica, Lula acredita que o a Petrobras tem de trabalhar para o governo, tem de fazer obras de interesse do país, colocar dinheiro para fazer o PIB crescer. A evidência econômica mostra o contrário, mas Lula tem suas crenças e é o presidente.
Prates não executou o que Lula queria, que era bancar gasolina barata e colocar dinheiro nos projetos do governo não por ser um herói, mas por falta de habilidade e condições.
Os ministros Rui Costa e Alexandre Silveira demoraram a conseguir derrubá-lo. Ambos têm interesses nesses gastos que podem prejudicar o caixa da Petrobras, mas ajudam o governo e atendem aos interesses políticos.
Mas ambos perderam. Costa e Silveira não conseguiram que Lula colocasse na empresa alguém permeável e próximo a eles e a suas investidas por projetos em determinadas áreas e por nomeações.
Da forma como foi executada, a demissão de Prates lembra – em especial aos dois ministros – que, a despeito de regras internas ou das vicissitudes da política, a presidência da Petrobras tem de obedecer a Lula.
Sobre Magda Chambriard, sabe-se que foi diretora da Agência Nacional do Petróleo. É cedo para falar sobre sua futura gestão. Só se sabe que obedecerá a Lula e não poderá cometer os erros de Prates.
Por Leandro Loyola/ O Bastidor