MEIO AMBIENTE
Quebradeiras de coco babaçu da região dos Cocais e Mearim, organizadas em movimentos sociais, ocupam o auditório da Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão – ASSEMA. O que lhes traz à Pedreiras, polo de uma região metropolitana, é a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a popular COP 30, marcada para acontecer do dia 10 a 21 de novembro, em Belém, capital do Pará. A conferência regional pelo clima é promovida pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB.
Sendo a COP 30 um momento único em que chefes de governo pautarão questões que impactam comunidades ao redor do mundo, incluindo populações extrativistas do Maranhão, organizações como o MIQCB, ACESA, ASSEMA e RAMA, se articulam para fazer ecoar demandas e denúncias de violações que colocam em risco a existência dos babaçuais, fonte de vida e de renda.
“Quase todas as organizações da sociedade civil estão fazendo as pré-conferências. É para que a gente traga aquilo que quer levar para a COP. Queremos influenciar as políticas públicas do Brasil, as propostas que serão levadas. Trata-se da mobilização dos povos”, ressaltou a advogada Sandra Regina.

A fala da assessora do movimento cuidou de apresentar um panorama sobre o evento de maneira mais abrangente, desde seus objetivos e formas de participação.
“A atividade faz parte do processo preparatório para a COP30, que acontecerá em 2025, em Belém (PA). O objetivo é fortalecer o entendimento das quebradeiras sobre a crise climática e construir um documento coletivo com propostas dos territórios babaçuais”, destacou o MIQCB.
Para os territórios os diálogos não são novidade. Os desafios são inúmeros e imensos. Um deles diz respeito a como a pulverização aérea, com uso de drones e aviões, ameaça modos de vidas que atravessam os anos. Em julho de 2024 o jornal O Pedreirense publicou a reportagem “Fazendeiro manda, drone obedece: ‘chuva de veneno’ ameaça extrativistas do babaçu em Lago do Junco (MA)”. Nela, quebradeiras de coco babaçu denunciaram e descreveram os impactos do uso de veneno, por fazendeiros, em comunidades rurais de Lago do Junco, Maranhão, a 330 km da capital São Luís. Temiam por sua economia coletiva fundamentada em uma outra forma de pensar o território e as relações que ocorrem nele. A reportagem também apresentou um estudo que testifica que a situação não é um caso isolado no estado do Maranhão. Além disso, mostra os obstáculos, na Câmara de Vereadores, para a aprovação do Projeto de Lei Babaçu Livre.

“É o tempo da gente correr. Estamos aqui para estudar tudo aquilo que é possível, para ser uma COP 30 com os anseios e necessidades que temos, que sejam mostrados ao mundo”, ressaltou João Pereira, coordenador geral da ASSEMA.
Raimundo Alves, coordenador técnico ACESA, lembrou o quão importante será a presença dos movimentos sociais nos diversos espaços da COP e frisou os desafios encontrados para que haja o mínimo de participação popular.
“A gente não se sente representados por esses diplomatas que vão para esses espaços”. Segundo Raimundo, muitas entidades ficarão de fora por conta das burocracias. “É todo em inglês”, observou.









