OPINIÃO
A escolha do Parque João do Vale para a realização do Arraiá da Princesa 2025 foi acertada e a presença do público confirma isso. Um local acessível, ornamentado, naturalmente bem frequentado e que diante da violência nossa de cada dia, ofertou segurança e outras estruturas. Belíssimas apresentações, diga-se de passagem. Ponto para a FUP, para a gestão Vanessa Maia. Foi o lugar ideal para um São João que ao longo dos anos e gestões (incluindo nessa) encolheu, em especial, no que diz respeito a participação de manifestações culturais locais (algumas ficaram pelo caminho) e investimento público municipal.
Quem, assim como eu, já passou dos 30 e viveu parte substancial de sua vida em Pedreiras, Maranhão, deve lembrar-se dos ditos São Joãos de outrora. A parte mais aguardada, o concurso das juninas, mobilizava (no tablado e fora dele) pessoas, estruturas, comunidades e verbas. As quadrilhas e outras manifestações culturais locais testemunhavam do que se prega sobre esse canto do mundo: berço de cultura.
Você há de concordar comigo que as celebrações juninas já não são as mesmas. A magnitude vista no passado se dissolveu com o passar dos anos, sem grandes esforços, dos governos, de compreender que a política pública precisar ir além de uma premiação, por mais robusta que seja. A questão é financeira, mas somente financeira? Acredito que não e pelo que ouvi de Wescley Brito, na última reunião do Conselho de Cultura, ele sabe disso. São questões que passam pelo Poder Público? Sim! Contudo, seria simplório e leviano dizer que a solução vai sair do gabinete de quem governa. O poder é reativo. Cabe ao povo, e mecanismos não faltam para isso, dizer que arte, assim como comida, é uma feitura de domingo a domingo. A política pública não pode estar alienada a isso.
O começo dos questionamentos, por sinal, passa longe do Palácio Municipal. Se as festas juninas são uma criação das comunidades, o que mudou nelas? Como, no cotidiano, elas lidam com suas tradições? Há renovação no que diz respeito aos participantes e dirigentes? Que papel cabe ao poder público? Premiação é fomento? Os recursos chegam e em que momento chegam? São suficientes?
As indagações são muitas e uma sociedade que, não pede licença ao arvorar sua vocação cultural, não pode se furtar do debate. É com participação social que compreendemos o tamanho do desafio. Aliás, participação social, e já faz tempo, é um desafio. Cabe ao poder público, representado pela FUP (Fundação Pedreirense de Cultura), prover mecanismos para a escuta qualificada dos agentes culturais e comunidades, mas estes também precisam ocupar com dignidade, os espaços que naturalmente lhes cabem.






