POLÍTICA
A carta aos evangélicos que Lula divulgou nesta quarta-feira funciona mais como uma tentativa de estancar a perda do que de ganhar votos entre este público. Foi uma concessão necessária, devido à campanha suja mais consistente de Jair Bolsonaro.
Além de se apresentar como evangélico, desde o início da campanha eleitoral Bolsonaro espalha informações falsas sobre Lula entre os evangélicos. Entre elas estão a de que Lula vai fechar igrejas, perseguir padres e pastores, que é favorável ao aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e até que o PT estaria relacionado a redes de pedofilia.
O trabalho da equipe de Bolsonaro faz efeito. O presidente sempre liderou entre os evangélicos. Agora, sua vantagem é grande. Na pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta, Bolsonaro tem 56% de intenção de voto contra 31% de Lula. A amostra usada pela Quaest estima que 30% dos eleitores brasileiros são evangélicos.
Tentar reduzir o prejuízo é o que Lula pode fazer com uma carta em que desmente tudo o que Bolsonaro diz, lembra o que seu governo fez em favor dos evangélicos e da liberdade religiosa e alerta para a disseminação de mentiras. É o possível.
Ao contrário de Bolsonaro, Lula não tem a seu favor a máquina evangélica, o apoio dos grandes pastores, donos das maiores igrejas, as que mais arrecadam. Eles estão com Bolsonaro por diversos motivos, que vão além da fé – no passado estiveram com Lula pelos mesmos motivos.
Já virou clichê dizer que o PT perdeu o bonde do eleitorado evangélico nos últimos dez anos. É verdade. Mas a 11 dias da eleição, não há o que a campanha de Lula possa fazer para recuperar isso. Só pode tentar reduzir o prejuízo. Ainda assim, faz isso com atraso.
Por Leandro Loyola, em O Bastidor