Parte da população pedreirense lamentou o corte, da noite para o dia, do histórico pé de jambo que ocupava a faixada do Palácio Municipal de Pedreiras, não apenas pelo valor histórico, mas pela importância ambiental que a árvore apresentava. Embora a Secretaria de Meio Ambiente, através do secretário Aldeclei Farias, alegasse [no dia do corte, em 01 de agosto], que a árvore estava comprometendo a estrutura do prédio, até aquele momento, nenhum documento havia sido apresentado à população. Questionado por nossa equipe, o secretário ressaltou estar em reunião e sobrecarregado de demandas, mas que no dia seguinte esclareceria o ocorrido e assim o fez, em conversa à nossa equipe nesta quarta-feira (03).
Com o parecer técnico em mãos, o secretário explica a análise que foi realizada no local, juntamente com os engenheiros ambientais, Huermison de Lima e Luan Manasseis, que compõem a equipe de Meio Ambiente do município. Assinado, segundo o documento, no dia 29 de julho, o parecer aponta que além das raízes extensas, o cupim poderia causar a queda de galhos no local, que poderia atingir algum morador.
“Comprometimento na edificação do palácio por suas raízes estarem extensas, podendo causar impacto na estrutura, fundações e causando saturação, recalques e rupturas de tubulações. Além das rachaduras apresentadas, foram diagnosticados a presença de cupim”, revela o Ofício N 236/2022.
Questionado sobre os motivos de não apresentar o parecer técnico no dia em que a árvore foi cortada, com o intuito de sanar a situação, o secretário respondeu: “Foi feito o parecer e acabou. Eu não me preocupo com o que a população vai falar, não! Eu estou pouco me lixando com o que a população vai falar, o que me preocupa é fazer o correto. É salvar uma vida”, disse o secretário.
Ao falar sobre a repercussão do caso, Aldeclei não deixa de citar a vereadora Katyane Leite, opositora ao governo “Tempo de Reconstruir”. Katyane foi uma das vozes que criticou o caso, foi o que o secretário chamou de “estratégia”.
“A vereadora veio, ela não tem nenhum conhecimento técnico. O correto seria procurar a secretaria e saber como foi feito isso. Não chegar tentando causar esse alvoroço todo, amedrontando a população informando que a gente está causando algum crime. Crime nós estaríamos causando se víssemos o perigo eminente de uma árvore daquela, numa grande aglomeração, cair em cima de uma pessoa, de uma criança, então, para preservar uma árvore, colocar uma vida e risco? Então jamais a gente faria isso. Então nós preservamos a vida”, disse.
Em conversa com a nossa equipe, a vereadora afirmou estar exercendo o trabalho de fiscalizar, uma vez que, na ocasião, nenhum laudo técnico havia sido apresentado à população. “O secretário está equivocado, minha atitude é responsável, a minha função é fiscalizar os atos do Poder Executivo, estou vereadora e sou paga pelo povo para este fim”, disse Katyane Leite. Ela ainda ressaltou: “O correto seria apresentar estes laudos antes para a sociedade, aquele local é tombado. É uma questão de respeito e responsabilidade e transparência com a coisa pública”, finalizou.
Questionada sobre trechos do vídeo em que gravou, aonde afirma que seu esposo, Cacimbão, ex-secretário de Meio Ambiente, na gestão Antônio França, não tomaria tal atitude, ela responde: Basta comparar os vídeos da retirada das seringueiras, observem a situação que as mesmas se encontravam, e a situação das árvores que estão cortando no presente, a falta de comunicação com a população e sensibilidade, notoriamente retrocedemos muito, é como se a ordem fosse: pra que ouvir o povo? Quem manda somos nós!”, finalizou.
No local, segundo o secretário, ao lado do palácio, será feita uma revitalização. “Não tem possibilidade alguma da gente só retirar e não plantar nada, então, na frente a população pode ficar tranquila”, finalizou.
“Quem quiser visitar, deve entrar em contato com a secretaria“, diz o secretário sobre o Parque Ambiental Pedra Grande
Durante entrevista, o secretário também pontou questões relacionadas ao Parque Ambiental. Nesta semana, publicamos a matéria “Pedra Grande: do boom de visitas ao abandono”, que mostrou a situação do lugar, há meses do término do período chuvoso, que inviabilizou o acesso ao ponto turístico.
“Hoje, o número de funcionários que nós temos, apesar da prefeita ter dado todo um suporte, ainda não é suficiente. A gente entende que temos muitas frentes de trabalho. Hoje, na secretaria, nós temos o ecoponto, na qual fazemos coletas quase que todos os dias. É a equipe da secretaria que faz. Hoje nós temos o Bosque Seringal. Só a coleta seletiva, que é feita para Pedreiras e região dá muito trabalho.
Em sua fala, Aldeclei Farias citou os desafios de atender diversas demandas, com um contingente ainda insuficiente, mas que apesar disso, as ações do poder público, voltadas à Pedra Grande, foram retomadas.
“A gente vem sim trabalhando no Parque Ambiental Pedra Grande. Mudamos a data de horário de funcionamento. Das 14h30 às 18h, a partir das terças-feiras e aos domingos. Quem quiser visitar, deve entrar em contato com a secretaria, agendar, a equipe com nossos bombeiros estará acompanhando”.
Segundo ele, houve um desencontro, diante das muitas demandas e que por conta disso, não retornou à nossa reportagem ao ser indagado sobre a situação no parque.