EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Pela dimensão parece mar e ninguém que se restrinja a uma visão ultrapassada de Nordeste haverá de imaginar que haja nele um lugar tão farto de água, doce por sinal. Se o natural chama a atenção dos alunos da turma de Impactos Ambientais, do curso de Petróleo e Gás, 2º módulo, ofertado pelo Instituto Federal do Maranhão (IFMA), campus Pedreiras, com igual espanto se deparam com as estruturas enferrujadas da chamada Barragem do Flores, localizada em Joselândia, na região do Médio Mearim.
Não estão ali por acaso. São parte do Projeto Hidroagrícola do Rio Flores, apontado por Darlan Pereira, escritor e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Mearim (CBH), como um desdobramento do Plano Geral do Mearim e seus afluentes.
“Concluída pelo extinto Departamento de Obras de Saneamento – DNOS, em 1988, a barragem é de terra homogênea, com capacidade de armazenar 1 bilhão de metros cúbicos de água em seu reservatório. Tem como objetivos principais, o controle de cheias e das vazões que atingem as cidades à sua jusante, principalmente Trizidela do Vale e Pedreiras, irrigação, piscicultura e abastecimento”, destacou o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ao lançar, em 2020, edital para recuperação da Barragem Flores.


Realidade diferente da descrita por moradores, com relatos que vão de encontro ao que, nos últimos anos, vem sendo denunciado por políticos da região. Para a aluna Samira de Sousa (21), os entrevistados se queixaram da tardança para abrir as comportas, com impactos ambientais e econômicos.
“Dizem que lhes afeta terem aberto [uma das comportas] há cerca de um mês, deveria ter sido no verão todo. As plantações de banana e a pesca são afetadas. Enche muito e fica difícil para eles”, explica Samira.

A visita, explica o professor Edson Barrinha, é parte de um ensino que valoriza conhecimentos teóricos e práticos. “Em se tratando de alunos que são de Pedreiras e municípios vizinho e levando em conta que há, em todos os anos, os alarmes sobre a barragem sangrar e trazer enchente, achei importante trazê-los aqui para, in loco, eles perceberem isso”.
A aventura, em trilhas e concreto, foi norteada por indagações, que iam desde a função da barragem, passando pelas condições socioambientais do Rio Flores e de como a população percebe a estrutura de barramento.