As declarações do Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discorrem entre o negacionismo da ciência e o senso comum de um patriotismo hostil. Em mais um episódio de interação nas redes sociais, o presidente respondeu a um seguidor no Facebook afirmando que o governo federal não comprará a vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o instituto Butantan, em São Paulo.
A afirmação partiu da seguinte pergunta: “Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da ditadura chinesa”, escreveu um internauta. Bolsonaro, sem hesitar respondeu de forma clara e objetiva: “Não será comprada.”, declaração que surpreendeu auxiliares do Ministro da Saúde que já consideravam a vacina Coronavac uma alternativa de barrar o vírus.
É importante ressaltar as contradições entre o governo federal e a pessoa de Jair Messias Bolsonaro, uma vez que, o Ministério da Saúde anunciou na última terça-feira (20) que o governo federal irá editar uma Medida Provisória (MP) para a compra de “46 milhões de doses da vacina, em desenvolvimento pelo Instituto Butantan”. Será mais uma contradição que acarretará em mais uma demissão do ministro da saúde?
Muitas são as teorias da conspiração contra a “vacina chinesa”, que parte, principalmente, da divergência ideológica entre grupos da esquerda e (extrema) direita. De acordo com o cientista Gustavo Cabral, colunista do VivaBem, a rejeição de parte da população à vacina Coronavac não faz sentido. “Todas as vacinas licenciadas para uso humano passam por rigores científicos que as tornam extremamente seguras —só isso já seria motivo para encerrar qualquer desconfiança”, comentou o cientista.
Nas redes sociais as discussões sobre a obrigatoriedade da vacina se intensificaram nos últimos dias após a deputada Carla Zambelli apresentar um projeto de lei contra a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19. “Obrigar o cidadão a se vacinar, como Doria (governador de São Paulo) defendeu recentemente, representa retrocesso aos direitos fundamentais dos cidadãos, que podem se tornar autênticas ‘cobaias humanas’ de laboratórios farmacêuticos, por enfrentarem risco de vida”, afirmou a deputada em suas redes sociais.
Muitos seguidores rebateram o projeto protocolado afirmando que o debate não se trata de “direitos fundamentais dos cidadãos”, mas sim de uma disputa política entre grupos. “Esse debate nunca foi pela obrigatoriedade da vacina, isso é irrisório. A discursão é politica e está mais associado em quem produz a vacina (China) e quem estará ofertando ela (vacina) futuramente”, comentou um internauta via Twitter.
O presidente da república também declarou na última segunda-feira (19) que a vacina contra a Covid-19 “não será obrigatória e ponto final”. Aguardemos os próximos capítulos!
Por: Mayrla Frazão