“Conseguir viver da arte, viver do que eu faço e ajudar os meus amigos nisso também”
Ocupar espaços. Esse é um dos objetivos de Luís Fernando Veloso, que se autodescreve ‘menino do trap’. Aos 15 anos de idade, o jovem artista pedreirense lançará o seu primeiro álbum com músicas autorais chamado “Mundo de um under”, que traja o subgênero musical ‘trap’. Em uma cidade como Pedreiras, Maranhão, beirando 40 mil habitantes e com uma vasta diversidade musical, ainda há uma grande parcela que desconhece a arte da juventude local. Por aqui e em qualquer lugar, viver da própria arte é um privilégio, tanto quanto sobreviver.
Com entusiasmo, Luís Fernando recebe nossa equipe em sua casa e deixa em evidência a sua atração pelo trap, um estilo musical conhecido por poucos em sua essência, por destacar fortemente a batida do ritmo. “Autoestima”, descreve o jovem artista o sentimento dessa batida. Assim, em diálogo com a jornalista Mayrla Frazão, ele fala da criação do novo álbum, um trabalho que há dois anos vem estudando, fala dos desafios de ser artista em Pedreiras, descreve suas influências locais e sobre como se imagina daqui a alguns anos. Acompanhe!
O Pedreirense: Quando a música cruzou contigo ou você cruzou com a música? Como aconteceu?
Luís Fernando: Eu já escutava bastante música, mas o Rap veio pelo meu irmão. Ele gostava de escutar. Quando eu era pequeno já comecei a gostar. Tive as primeiras influências do Boom bap (estilo de produção de beats), Costa Gold, BK, DJonga, Racionais. Depois conheci a vertente do Trap (estilo de produção de beats contemporâneo), que é uma vertente nova que agora está se desenvolvendo muito no nordeste, que está dominando a cena, agora aqui em Pedreiras que ta crescendo muito também.
OP: Como você enxerga o Trap na cidade? Como você vem conquistando esse espaço?
LF: Está crescendo muito, [na cidade] já tem um estúdio de trap na Coheb do Diazim. E ele também canta muito e trabalha pra isso, pra ajudar esses artistas do rap e do trap daqui da cidade. Também tem o Biel, o Hermes, o DX, Danilo e minha dupla que é o Gabriel GD.
OP: Você acha que a cidade vem abraçando esse estilo musical?
LF: Pelo menos do meu lado estou sentindo um apoio bacana.
OP: E o apoio familiar?
LF: No começo foi meio complicado, até eles entenderem e tal. Mas agora estão entendendo bacana o processo, porque eu não gosto muito de estudar (risos), não vou mentir e isso, aí já atrapalha um pouco pra dividir o trap e o estudo, minha mãe briga por causa dos estudos, mas ela me apoia agora como compositor, cantor, ela ta gostando. Os amigos dela falam, a família também apoia…
OP: Uma das principais características desse gênero musical é a batida. O que você sente? Qual sentido ou sentimento a batida do trap te proporciona?
LF: Autoestima. O trap trabalha muito a autoestima, como você vai se sentir e também letras rasas. Mas também tem letras profundas que servem para se expressar e tal.

OP: Aos 15 anos você lançará o seu primeiro EP. Como aconteceu?
LF: Lutando. Foi na raça. Eu não tinha muita noção de como fazer. Eu fui estudando por uns dois anos (comecei aos 13 anos). Lancei a minha primeira música ano passado. Foi de teste e a galera abraçou muito. Desde então eu quis fazer algo mais concreto, que pode ficar pra história. E eu vim estudando, coloquei uma profundidade nas músicas, no beat, na batida, tanto na arte, na animação, estou trabalhando o marketing também pensando bacana.
OP: E o apoio financeiro?
LF: Juntando mesmo. Faço uns trabalhos para minha mãe e ela me ajuda. Ela me dá um dinheirinho quando faço algo pra ela. Tem também o lanche da escola que eu guardo. A gente racha com os amigos também quando participam de uma música e assim vai indo. O importante é juntar e investir. Eu também já recebi um dinheiro da minha mãe para uma música, mas não todas as músicas, pois eu acho que pra eu dar valor a isso, eu tenho que conquistar com meu suor.
OP: Você tem referências locais?
LF: Sim. O Sued, o Carlos da Banda Pedra Grande, o Cassic, que é o Ruan. O Carlos é na forma dele cantar, o Ruan é pela arte dele e o Sued é por inteiro, ele foi o primeiro que me inspirei.
OP: Sobre o álbum que vem aí. O que suas letras contam/ cantam?
LF: A primeira, que é a faixa principal, chamada “Jovem milionário”, ela conta o que eu quero ser na minha vida, o que eu já passei quando fui humilhado quando tentei cantar pela primeira vez e sobre eu estar conseguindo ocupar meu espaço. As outras são letras mais rasas, mas também são o beat, que é mais sentimental. As letras rasas não tem a necessidade lírica igual a primeira faixa principal.
OP: Qual o maior desafio de viver da tua arte aqui na cidade?
LF: É conquistar o meu espaço. Não tem empresário, nem nada. Até conseguir isso e o capital começar a entrar está sendo difícil.
OP: A produção do álbum teve uma inspiração especial?
LF: O nome do álbum é “mundo de um under”. Under vem de underground. É um artista que não tem o seu devido valor, que não está na mídia, mas mesmo assim está construindo o seu espaço.
OP: Como você lida com as críticas?
LF: Já sofri mais, hoje em dia quase zero. Acho que porque fui melhorando com o tempo.
Pretendo lançar no próximo mês. Não tenho uma data x ainda pois falta finalizar a animação, mas eu garanto que vai fazer um barulho aqui na cidade.
OP: CQual o seu maior sonho?
LF: Conseguir viver da arte, viver do que eu faço e ajudar os meus amigos nisso também.
OP: Como você se imagina daqui a uns 15 anos?
LF: Quero estar com minha empresa trabalhando com música e ajudando novos artistas como eu era no passado.
OP: Para as pessoas que quiserem acompanhar seu trabalho?
LF: No Instagram: @og.nando7, também tenho minha conta no spotify que é a mesma do Instagram e no Youtube é só colocar meu nome lá que aparcece.