Leituras e descobertas do mundo
A cada sábado, vivemos experiências tão significativas. Para mim, como educador, em cada encontro com as crianças leitoras compreendo o quão podemos fazer mais. As crianças apresentam uma questão nova, externam suas alegrias tão autênticas, demonstram suas conquistas através do caderno do leitor e, também, por meio de suas narrativas. Com elas, percebo claramente o quão a vida é movimento. Sempre há novos movimentos e sentidos no viver.
Esses novos movimentos não nascem de uma mente racional e pragmática. Partem de um ser integral que se envolve com tudo que acontece, a cada encontro, com as crianças. Nesses encontros, respiro a brisa fresca da manhã como também a brisa quente e seca da tarde. Não esqueço de minhas idiossincrasias. E exercito uma entrega ao que faço e vivo com as crianças. Emociono-me com o que ouço, vejo, falo e percebo. Busco incessantemente transformar aquelas trocas em coisas significativas e boas para mim e para as crianças.
Esses movimentos (e outros) dialogam com os sentidos que elaboro sobre o que sou e sobre minha totalidade ética. Vivo o respeito, a fraternidade, a justiça, a sabedoria, a empatia, afetos… Não somente como conceitos éticos abstratos. Há uma busca concreta de integrar conceitos, ações e interações. Na tarde desse último sábado, um menino explicou-nos que era “frescura” usar equipamentos de segurança ao “empinar” a bicicleta e outras manobras. Outro menino contou-nos que seu pai diz que ele não deve ajudar com nenhuma tarefa doméstica. É preciso conversar sobre esses diferentes pontos de vista. Não com o propósito de reprovar e condenar. Importante dialogar para que avaliem outros conceitos éticos que orientam outras posturas para a vida. E façam seus movimentos de vida de modo autêntico.
Ao estender nossa compreensão sobre os fatos da vida podemos exercitar nossa liberdade de modo criativo, amplo e bom. Esses movimentos de vida nos fazem mais sábios e felizes pois alargamos as trajetórias de vida.
Por Luciano Melo, educador