Da possível aparência “diferente” julgada pelas tatuagens ‘estranhas’, corte de cabelo e possíveis gostos fora do comum. Questionada, a maioria das vezes, por perguntas como “você é rockeira?” “você é emo?” ou “você é do rock?” seguido de “é que parece coisas de quem gosta de rock”, há a existência de uma identidade ainda de interrogações e bastante indagada até pra quem a carrega, no caso, eu mesma, Márcia Cintra Silva.
Confesso que sobre a maioria das perguntas, me vem aquela sensação de loading para respondê-las, assim como quando aparece a famosa indagação: “qual o significado dessa tatuagem?”. Bom, se eu pudesse me desvirar e de uma forma colocar meus sentidos sobre tudo isso de maneira clara e objetiva, é claro que eu faria, e por mais que pareça simples, não acho uma tarefa tão fácil responder tais perguntas.
As pessoas esperam algo pronto, exato, fixo já que estão de alguma forma curiosas, ou na maioria das vezes, querendo apenas colocar o seu ponto de vista sobre o que pode estar achando errado ou incomum demais. Mas não sinto que devo, ou no geral, devemos ter respostas ou tais significados quando assim é perguntado sobre tatuagens ou algo sobre nós mesmos.
Não afirmo o mesmo desfazendo o caminho de quem já sabe o que quer, como quer e o que se é, mas para mim a vida se constitui de diferentes descobertas a toda hora e não há erro em querer mudar de ideia ou apenas mudar seja no que for. Nesses 21 anos acredito que meu desejo sempre foi viver cada uma delas, assim como sinto desde criança em todas as áreas da minha vida… principalmente a área religiosa iniciando no catolicismo até alcançar um terreiro de umbanda em uma consulta de baralho cigano com um Pai de Santo.
Alguns podem até dizer que pareço meio perdida ou avoada, a famosa frase de “não sabe o que quer” como já ouvi, mas será mesmo que exatamente tudo precisa ser perfeitamente linear e simétrico? Já me perdi e desencontrei diversas vezes nessa pergunta, principalmente nas minhas tais interrogações de identidade citada no início, já que senti nas costas um fardo de cobrança e julgamento como ser humano e esse tal de “ser o que quando crescer?” como obrigação de demanda e resposta imediata…
Mas consegui tirar, parar, respirar (mesmo que tenha me feito primeiro pirar), aceitar e acreditar que para cada ser humano existe um tempo, processo e colher das coisas que a vida criou para que ele se prepare, escolha, decida. O que somos ou não, se agradamos ou não, se certos ou não a umas ‘exigências’, quando nos permitimos respeitar a nossa forma singular e a do outro de ser, a vida torna-se apreciativa como uma jornada única e torna-se também raro, leve e precioso cada andar, observação, apreciação e até mesmo o respirar.
Saber a existência do portal O Pedreirense foi como sentir um abraço confortável do Universo encontrando um espaço com pessoas que além do dom e profissionalismo de informar e comunicar coisas reais e necessárias do mundo exibe a exuberância que ainda existe, mesmo em meio ao caos, da vida, arte, cultura, amor, e criatividade com unicidade e respeito.
Espero abraçar com a mesma órbita que rodeia esse trabalho, mesmo ainda tendo muito o que conhecer. Meu peito está aberto para cada aprendizado e principalmente erros e fracassos… Afinal, o que seria de nós sem essas fases da vida que, em tudo, estamos arriscados a passar, mas o mais importante é continuar. Acredito em Pedreiras, nesse envolvimento produtivo crescendo, e por fim, em mim, com a intenção de unir ideias relevantes para que, a cada produção, haja evolução e revolução.
Por: Márcia Cintra Silva