O povo de olho no céu
Um céu azul com poucas nuvens. É para ele que os olhos de centenas de trizidelenses se dirigem. Os ouvidos se acham atentos a qualquer barulho que sinalize a chegada de um helicóptero trazendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com uma comitiva que incluiu o governador Carlos Brandão e o prefeito Deibson Balé. Parte da cidade de Trizidela do Vale, Maranhão, está sob as águas do velho Mearim, cuja magnitude da cheia trouxe o chefe do executivo federal.
De acordo com o último boletim divulgado nas redes sociais da prefeitura, 2.215 famílias sofrem os impactos da cheia, seja desabrigada, isolada ou desalojada, em um total que chega a 6.446 pessoas.
Parte dessa multidão nunca viu Lula pessoalmente. O helicóptero, que circundava o estádio municipal, adubava as esperançadas de que pousaria. Crianças e idosos, entre os presentes, com as faces erguidas, faziam um gesto em comum.
Entre os presentes o popular professor e militante, Rogério do PT, que durante a noite e parte da manhã, também acreditava que Lula quebraria a rigidez da agenda oficial e pousaria em Trizidela do Vale.
A cada mergulho sobre as cabeças alguém que dizia: vai descer.
O momento de maior tensão se deu quando homens da Polícia Militar (PM) trataram de estabelecer um limite, pedindo aos populares que ficassem fora da área feita de grama. Uns, com mais ou menos intensidade, deixavam escapar a expectativa.
Dona Maria Filó de Araújo que o diga, tremia mais que vara verde. “Porque ele fez tudo por nossa pobreza”, diz ela, quando indagada sobre os motivos que lhe geram tamanho sentimento. “A gente não tinha nada. Foi ele que fez isso pra nós”, relembra, destacando a criação do Bolsa Família.
Lula não desceu.
Alguns questionavam uma suposta falta de segurança, outros acalentavam a ideia de que ainda haveria possibilidade. Coube a ex-vereadora Tinaia Balé, mãe do prefeito, jogar o balde de água fria. Segundo ela, Lula até demostrou o desejo de que houvesse o pouso, mas teria prevalecido a decisão da segurança oficial.