EDITORIAL
Poucas horas nos separam do 2º turno da eleição presidencial. Nele, brasileiras e brasileiros decidirão, via urnas eletrônicas, quem deverá governar este país pelos próximos quatro anos. O jornalismo, pela natureza de sua missão – a propensão natural pela verdade dos fatos– reconhece este momento político como decisivo. Somos parte do jornalismo brasileiro, logo, nos é impossível ignorar o apelo mais expressivo que agora ecoa: a voz da democracia.
Nascemos em meio à pandemia, uma das maiores crises de nossa história. Este recorte, em especial, nos marcou de forma profunda. Foi uma cobertura especialmente dolorosa, também marcada por indignação. Mas prática jornalística deve ser pautada pela sabedoria, as palavras requerem bom senso e equilíbrio, mas a indignação experimentada não se perdeu e ela é também o elemento que sedimenta este posicionamento, que é, antes de tudo, repúdio ao projeto de governo no qual Bolsonaro é o representante mais expressivo.
Nos últimos quatro anos, não raras vezes, noticiamos fatos que foram do absurdo ao mórbido. A triste realidade da insegurança alimentar que se ampliou, o nada transparente orçamento secreto que foi de cair os dentes, a farra militar com sabor de leite-condensado, o amém para a corrupção no MEC, os cortes orçamentários na educação, as dezenas de imóveis comprados com dinheiro vivo e nenhuma transparência, o desmantelamento do IBMA e o reinado de morte nas florestas e no campo.
Neste momento, os antagônicos convergem para um lugar político que tem no ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) o símbolo de uma sociedade, cujo uma parte, apesar de ser crítica às recentes gestões petistas, reconhece que sua candidatura é aquela com maior energia para combater qualquer tentativa de aventura ditatorial. Uma frente que reuniu agentes políticos de diferentes matizes, numa clara mensagem de que este país é plural. Como jornal, também reconhecemos que Lula é aquele que reúne as melhores condições para que, através de políticas públicas, contemple estas diversidades.
Neste momento, Lula é, indiscutivelmente, a escolha mais sadia para a democracia.
Diante deste posicionamento, também temos ciência da importância, caso ele seja eleito, de acompanhar os passos de seu governo. Voto não é cheque em branco. Se a imprensa desempenhou um trabalho demasiadamente importante, em especial nos últimos três anos e meio, será indispensável nos anos seguintes. Nossa vocação é jornalismo e isso não mudará se Lula ganhar.
Desejamos que, assim como no 1ª turno, este 30 de outubro seja sereno e pacífico – ambiente importante para que a decisão tomada seja pautada pela lucidez e distante de qualquer fanatismo. A decisão, seja qual for, precisará ser respeitada.
Viva a democracia!
Por Irisvaldo Morais, Mayrla Frazão e Joaquim Cantanhêde, cofundadores do jornal O Pedreirense.