“Todo mês é assim”
Manhã de segunda-feira (23). Uma mensagem, recebida no dia anterior, nos informava sobre uma vistoria que a prefeita Vanessa Maia faria na frota de veículos adquiridos e usados por setores de sua gestão. Fomos ao local no horário marcado. Em uma das laterais do Palácio Municipal, encontramos companheiros de imprensa e parte dos trabalhadores contratados, que no quesito chegar cedo, só perderam para os próprios automóveis posicionados já no dia anterior.
Ao contrário dos efetivos, trabalhador contratado não é dono do próprio nariz e tentar ser tem um preço: demissão. Quem vai querer pagá-lo em tempos tão difíceis? No papel, suas funções estão delimitadas, mas os deveres vão bem além do que está escrito. Inclusive, como já mostrado no jornal O Pedreirense, isso inclui estar presente, sempre que solicitado, em eventos oficiais da prefeitura de Pedreiras. A prática, diga-se de passagem, não é uma criação desta gestão e nem está restrita a ela. Passe a ponte e verá casos semelhantes.
São os contratados que posam com Vanessa Maia, após ter chegado uma hora depois do horário divulgado. Para a sorte de todos, inclusive a nossa, as nuvens apaziguavam o mormaço solar, quando motoristas abriam e fechavam as portas dos carros para serem vistoriados pela gestora.
“Triste é o salário atrasado dos motoristas, desde o dia 10 de janeiro. Aí fica com essa de carros bem cuidados”, destaca fonte, em uma de nossas redes sociais, preferindo não ser identificada. Ela relata ter conversado com a esposa de um motorista que ainda aguardava seu pagamento salarial.
“Todo mês é assim”, diz trecho da conversa em print enviado.
De fato, os contratados, ao contrário dos efetivos, que são aparados pela lei e pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Pedreiras (SINDSERP), convivem com a rotina de atrasos mensais. É o que estaria ocorrendo com o setor da Vigilância Epidemiológica, por exemplo.
Há também informações de atrasos no repasse salarial dos Agentes de Combate às Endemias, efetivos, diga-se de passagem, que em assembleia a ser realizada nesta quinta-feira (26), poderão deflagrar greve. Ainda que a verba venha do Governo Federal, eles argumentam que a gestão se vale de seus serviços, logo não pode simplesmente ficar de braços cruzados.
“O município tem responsabilidade e em outras gestões nunca ficamos dependendo de repasse federal. Esse repasse às vezes atrasa mesmo. E outra, o valor que o Governo Federal repassa não é suficiente para pagar todos os ACE, então o município tira do FPM para fazer o pagamento”, explica um trabalhador do setor.
Se para parte dos funcionários paira a espera pelo pagamento de seus proventos, a gestora anunciou, no dia 23 de janeiro, o que chamou de “uma ótima notícia para nossos professores efetivos”. Ao lado de David Ximenes, secretário de Educação, Vanessa Maia informara a concessão de 15% de reajuste salarial para a categoria.
O fato ocorre após o Governo Federal ter estabelecido, via portaria, em 16 de janeiro, novo Piso Magistério para 2023, chegando a R$ 4.420,55.
A própria prefeita, na terça-feira (24), levou à Câmara de Vereadores o Projeto de Lei (PL) 001/2023 que tratara do referido aumento. Aprovado por unanimidade, em sessão extraordinária na quarta-feira (25), e assinado, por ela, no mesmo dia, desta vez recebendo a visita de parte dos parlamentares. A previsão é de que, já no mês de fevereiro, servidores ativos e inativos tenham garantido o reajuste salarial.
“Acabei de assinar a lei que garante o reajuste em 15% para professores efetivos ativos e inativos do nosso município, no próximo dia 30 todos já receberão seus salários reajustados”, afirmou Vanessa Maia, em publicação no Instagram.
Sobre os atrasos relatados, indagamos Jânio Luis, secretário de Finanças do município de Pedreiras. Ele disse desconhecer os casos.
“Eu não estou sabendo. Manda ele comparecer na secretária de finanças, que pode ter havido algum problema. Muitas pessoas saíram, foram comunicadas”, disse o secretário Jânio Luís.
Sobre o caso específico dos Agentes de Combate às Endemias, que como destacamos, são efetivos, Damião Felipe, secretário de Administração, confirmou que há atraso nos repasses do Governo Federal, mas não apontou possíveis soluções do poder público municipal diante da ameaça de greve.
“Soube da questão dos agentes de endemias por conta de uma solicitação do sindicato e dos próprios agentes, que foram até a prefeitura, na segunda feira e falaram comigo e foi o que levantei junto ao financeiro”.