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segunda-feira, fevereiro 10, 2025

A importância da humanização no ambiente hospitalar

Toda sociedade vive no presente resinificando o passado e trazendo consigo, marcas que estruturaram as bases que são vividas hoje. Muitos não lembram disso, mas, há pouco tempo, antes do Sistema Único de Saúde (SUS) que foi criado em 1988, saúde no Brasil era caridade. Milhares de brasileiros desassistidos eram entregues à piedade das mulheres cristãs, que atraídas pelo ensinamento da igreja sobre o amor ao próximo, se compadeciam dos que sofrem, ajudando-os, para diminuir as suas próprias culpas. Com o avanço do Direito à Saúde, veio também o desafio de formar mais profissionais para tal comprometimento.

O SUS é o maior sistema público de saúde do mundo, mas o que tem de belo tem de desafiador, visto a carência implantada em um país que não assiste a saúde, causa desumanização em seus profissionais e medo nos pacientes. Devido ao processo de desenvolvimento tecnológico na área da Saúde, a singularidade do paciente, como emoções, crenças e valores deixou de ser considerado pelos profissionais que o atendem, a enfermidade passou a ser objeto do saber reconhecido cientificamente e a assistência foi desumanizada.

No ano de 2009, o governo federal criou o Programa Humaniza-SUS que tem por objetivo efetivar os princípios do SUS nas práticas de atenção e de gestão, assim como estimular trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários para a produção de saúde. Pretendeu-se construir um SUS humanizado, comprometido com a defesa da vida, valorizando os diferentes sujeitos no processo de produção à saúde. Com a implantação deste novo modelo de assistência, o que se esperava era uma mudança nos modelos de atenção à saúde, tendo em foco as necessidades do cidadão, se propôs também que o SUS seja mais acolhedor, ágil e mais resolutivo.

Com isso, houve uma abertura aos profissionais que têm a subjetividade humana como objeto de maior importância na sua área de atuação, os PSICÓLOGOS. Contudo, na realidade brasileira o trabalho ainda é bem desafiador, visto que a categoria ainda anseia por melhorias no reconhecimento e por mais espaço dentro do ambiente hospitalar, e isto acontece, porque a psicologia contrapõe-se a medicina graças ao seu modelo biopsicossocial, com o entendimento complexo acerca dos possíveis fatores predisponentes e precipitantes do adoecimento. Também no que diz respeito à família, auxiliando e dando o suporte para o enfrentamento e a aceitação necessária.

Nos últimos dias, tendo em vista uma assombrosa pandemia em um contexto delicado de incertezas e medo, alguns vídeos e fotos nas redes sociais nos chamaram a atenção, principalmente nos hospitais de campanha. Momentos simples que não valorizamos muito em um contexto saudável, mas que fazem toda a diferença: aniversários, bailes de carnaval, festas juninas, bom humor, vídeo-chamada com a família, encontros consigo mesmo e com o outro, tudo isso, graças à atuação desses profissionais. A psicologia é a ciência do encontro com a humanidade que existe dentro de nós e que muitas vezes é velada por tantos significados negativos.

Por mais que tenhamos avanços, ainda existe muito a se alcançar, principalmente no contexto profissional da saúde. É preciso externar sentimentos, não com desespero, mas como um sinal de humanidade, e entender suas próprias limitações como um direito a uma boa saúde mental. É preciso tocar o outro como um ser humano, tratar de humanidade para humanidade. O paciente não é uma patologia, é um SER, existe uma história antes daquele momento que precisa ser respeitada. Precisamos de mais profissionais que usem as técnicas científicas para uma melhora eficaz, mas que também permitam-se humanizar para atender outros seres humanos. A diferença é que uma se aprende na academia com livros e ciência, a outra, se aprende na vida, com histórias e experiências.

Texto: Johnew Sousa

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