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Pedreiras
domingo, fevereiro 16, 2025

A delegacia é pequena demais para se falar de segurança pública em Pedreiras (MA)

EDITORIAL


Pedreiras, Maranhão, vive um estado de insegurança. Rotina de violências sob enquadramento das câmeras de videomonitoramento. Diante das cenas nítidas de nossa decadente realidade, o jornalismo local acumula horas dedicadas à cobertura dos fatos que chegam à delegacia. São incontáveis. Não faltarão, à imprensa local, corpos para contar, nomes para citar e suspeitos para interrogar.

Mesmo a mais empírica observação, grita que temos falhando enquanto sociedade. Ações isoladas, aqui e ali – algumas de natureza política–, se mostram ineficazes ante o mundo paralelo do crime que por aqui também é organizado e com regimento próprio. Há uma realidade paralela que opera nas barbas do Estado. Longe de ser um problema tão somente das forças policiais, há de se reconhecer que o crescimento do crime organizado é uma chaga brasileira distante de qualquer cicatrização.

Enquanto, como sociedade madura, não dialogarmos, com a devida seriedade, sobre a violência em Pedreiras, o caos que bate à porta das delegacias ocupará boa parte do itinerário jornalístico. Sem integração das forças, sem ciência e sem números, nos sobrará apenas o apelo, a alguma divindade, por proteção.

O jornal O Pedreirense acredita que uma cobertura séria, sobre segurança pública, vai muito além da produção de conteúdo factual, que tantas vezes reforça estigmas sobre minorias e lugares, sem constranger as forças do Estado calcadas pela inércia. Como se percebe, o tapete já não cobre o problema.

Assim como a outros setores da sociedade, cabe ao jornalismo chamar a ameaça pelo nome, mas sem engajamento social e comprometimento dos poderes da República, localmente representados, tratar a questão de forma mais aguda é colocar em risco profissionais. Quem está seguro e quem garantirá, ao jornalismo, ir além do factual sem ser este o próximo alvejado?

Diante deste quadro que assombra, o conselho editorial deste jornal decide que O Pedreirense não mais fará a cobertura factual relacionada à segurança pública. Escolhemos preservar nossos profissionais e mostrar as potencialidades de nossas comunidades. As contradições existem e precisam ser abordadas da maneira mais responsável possível. Essa não é uma tarefa que caiba apenas ao jornalismo. É preciso disposição e equilíbrio. A posição não é o abandono da temática, mas um movimento para que esta seja tratada de outra forma.

A decisão, longe de ser uma negativa da realidade, ratifica nossa disposição para o diálogo. A cobertura que desejamos fazer sobre segurança pública é a de ações que passem longe da porta das delegacias, que sejam de fato eficazes e envolventes. Nosso jornalismo estará à disposição quando houver, de forma sincera, uma movimentação para a busca de soluções viáveis e duradouras.

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