“Juntar todos os terreiros, formar uma aliança e termos força”
“Essa associação só vem abrilhantar nossos trabalhos. Hoje, vemos as igrejas unidas, associação de mototáxi, de moradores, trabalhadores rurais, mas não tem associação de umbandistas em nosso município. Então temos que dizer, para a sociedade, que somos umbandistas. Não podemos esconder nossa origem”, disse Pai Nonato, de forma incisiva, durante Assembleia Geral, ocorrida na última sexta-feira (16).
À sombra da Tenda de Umbanda Santa Bárbara, do Pai de santo Zé William, localizada na comunidade Morada Nova, Lima Campos, pais e mães, filhos e filhas de terreiros, deram um passo largo rumo a uma organização mais formal, do ponto de vista do reconhecimento da igualdade e da busca pela efetivação de direitos.
“Eu dei um fardo de farinha para tua festa. Eles dizem que isso é política pública. Não é! Política pública é a condição de ter escola digna, rua digna, hospitais dignos, empregos dignos, respeito à diversidade. Isso é política pública”, explica Pai Paulo de Aruanda, ativista dos direitos humanos, em tom crítico à política que só reconhece os povos de terreiros em tempos eleitorais.
Neste terceiro encontro de umbandistas limacampenses, ocorreu a eleição e posse da diretoria, que tem à frente o jovem Pai Nonato, e aprovação de estatuto. Um momento que também é fruto do protagonismo de Fernanda Soares, gestora do Departamento de Igualdade Racial do município de Lima Campos.
“Juntar todos os terreiros, formar uma aliança e termos força para buscarmos políticas públicas, apoio não só do munícipio, mas ter acesso a projetos, para podermos alavancar nossa cultura e fortalecer nosso povo, ainda muito discriminado na região, principalmente nossa umbanda”, ressalta Fernanda.
