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sexta-feira, outubro 4, 2024

Ripley em sua segunda versão do preto no branco

CINEMA E LITERATURA


Ripley é uma série original da Netflix, adaptada do livro O talentoso Mr. Ripley da estadunidense Patricia Highsmith. Lançada em 2024, a série acompanha a vida do vigarista Ripley, um rapaz que vive de pequenos golpes em Nova York. Quando estava na metrópole dos Estados Unidos, Tom Ripley recebe a proposta de ir até a Itália atrás do filho de um milionário que está fugindo de suas responsabilidades (Richard Greenleaf) com sua namorada, morando em uma pequena vila na costa italiana. Ao chegar no local, o vigarista vê um novo estilo de vida, glamuroso e confortável, que o dinheiro proporciona ao rapaz e desde então começa a desejar vivê-la.

Ripley se destaca pela sua esperteza, sedução e perigo, quando encontra Dickie, apelido de Richard Greenleaf, entende que necessita estar perto do rapaz e começa a seduzi-lo mexendo com seu ego. Estar perto de Dickie significa viver aquela vida que o dinheiro proporciona, e isso é o que move Ripley. Devido aos golpes que aplicava em Nova York, o vigarista consegue mover as peças necessárias para conseguir estar vivendo a vida que deseja.

Essa é a segunda adaptação do livro homônimo de Patricia Highsmith, sendo a mais famosa, a de 1999, um filme estrelado por Jude Law, Matt Damon e Gwyneth Paltrow. É difícil não comparar as duas versões, o filme foi um sucesso de crítica e público, chegando a receber 5 indicações ao Oscar. Mas a série não tenta em momento nenhum replicar o sucesso da versão para os cinemas, o tom utilizado pelo diretor Steven Zaillian não é nem um pouco comercial na verdade. Enquanto a versão cinematográfica abusa das cores quentes para construir uma atmosfera de verão e sensual, a série utiliza o preto e branco para retratar a história de Ripley.

Foto: reprodução/Netflix

Além disso, o diretor confia fielmente no ator principal, Andrew Scott, para construir toda a história. Diferente do filme, a série foca principalmente no Ripley e deixa pouco espaço para os personagens secundários, não desenvolve qualquer relação afetiva entre Ripley e Dickie e opta por não abordar profundamente a questão do desejo da mesma maneira como o diretor da adaptação de 1999. Assim, vemos que a versão de Steven Zaillian é voltada para um Ripley cru e psicopata, de maneira que reflita também na construção da série.

A narrativa propõe-se a ser uma versão lenta dos fatos, tudo acontece de maneira detalhada e isso ajuda a construir uma imagem humana de Ripley. Quando pensamos em assassinos e psicopatas, temos uma visão romantizada e de certa forma, heróica, em que suas ações acontecem sem falhas, eles conseguem resolver questões problemáticas com facilidade, de maneira que torne uma investigação difícil. Mas a série mostra que as ações de um psicopata também são humanas, que são passíveis de erros grotescos e dificuldades, tudo isso é representado nas cenas de violência e limpeza do protagonista.

 Portanto, acredito que pelo seu formato, a série não é para todos os públicos, como dito, não tem apelo comercial, o que vai afastar um público que busca grandes acontecimentos e uma trama eletrizante. Essa versão de Ripley é para quem busca um momento não só para apreciar a história, mas também sua construção visual. A fotografia e direção da série são seus destaques, além, é claro, do ator principal. Para quem busca uma versão sedutora e eletrizante, recomendo a versão de 1999 de Anthony Minghella.

Por: Jonas Vinicius Albuquerque– Formado em Letras – Português/Inglês pela Universidade Estadual do Maranhão, mestrando em literatura na mesma instituição. Caxiense, leitor, resenhista e apaixonado por histórias.

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