COLUNISTA
O BRICS é um grupo de cooperação entre países em desenvolvimento idealizado pelo economista Jim O’Neil a partir de um estudo publicado em 2001. Esse grupo se consolidou em 2009 e tem como os primeiros países membros Brasil, Rússia, Índia e China, posteriormente entrou a África do Sul, em 2011.
O BRICS tem assumido uma agenda reformista cada vez mais consolidada nos últimos anos. Começou com a ideia de criar o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos BRICS, que surgiu em 2012 sugerida pela Índia a fim de financiar a infraestrutura e o desenvolvimento sustentável nesses países. Até que em 2014 ocorreu a assinatura do Convênio Constitutivo na cúpula do BRICS em Fortaleza. A criação desse banco foi inovadora por ter sido o primeiro que foi criado sem a participação de países desenvolvidos.
A sede do Banco fica em Xangai na China que é a maior economia do grupo, mas todos os países têm o mesmo peso de voto e nenhum tem poder de veto. Com a incorporação de novos membros, em 2024, a saber: Arábia Saudita, do Irã, do Egito, dos Emirados Árabes e da Etiópia, a ordem internacional eurocêntrica tem dado lugar a um novo foco, porém as consequências disso virão a longo prazo à medida que as mudanças se consolidam.
Os membros novos são países que não são subdesenvolvidos e que se propõem a ser potencias económicas em suas regiões. Com isso, o BRICS já tem mais de 40% da população mundial e do PIB mundial. Porém, com os conflitos atuais, como a guerra na Ucrânia e a rixa entre EUA e China (mesmo que essa seja mais uma competição ideológica e não econômica, visto que eles são grandes parceiros comerciais), o BRICS começou a ser visto como uma organização contrária aos EUA e à Europa.
Esse crescente interesse de outros países em fazer parte do BRICS, mostra a sua importância e os membros estão intencionando deixar de usar o Dólar como moeda de transação em comércio internacional e começar a usar sua própria moeda, sendo assim os Bancos Centrais e Ministérios dos membros começaram a realizar estudos para tornar isso real, o que já gerou declarações de sanções do presidente americano eleito, Donald Trump.
Mesmo sendo um grupo heterogéneo e de maioria Oriental, a intenção deles não é se tornar um bloco anti-ocidente, mas diminuir vulnerabilidade no mercado externo, aumentar sua independência e ter outras formas de pagamento. Além disso, o comércio intra-BRICS tem mais chances de se consolidar com uma moeda comum.
Para o Brasil fica claro que para chegar a ser uma potência tecnológica, militar ou mesmo econômica, o governo precisa aumentar sua capacidade de influência e projeção global, além de contar com a cooperação técnica de outros países, e isso leva tempo, mais a liderança do presidente Lula e o trabalho de política externa pode fazer o país crescer nessas áreas com cooperação internacional dos membros integrantes dos BRICS.
Por Gisella Morais, formada em Relações Internacionais e Economia, com Pós-graduação em Gestão Pública.