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quarta-feira, novembro 6, 2024

Uns com leite condensado, outros sem arroz e feijão…

Nós somos um povo sobrevivente!

Dentre os vários embates travados pelos nossos antepassados para dividir o Brasil, nenhum foi tão eficaz como a fome. Logo após a descoberta do ouro em Minas Gerais e a fertilização do algodão e do café no nordeste e sudeste do país, a maior dentre as nações das Américas, começou a dividir-se silenciosamente, e, enquanto os governantes estavam preocupados com o modelo de política adotado para o país, nosso povo preocupava-se em sobreviver, e Canudos na Bahia não me deixa mentir.

Em 1951, o sociólogo, ativista brasileiro e uns dos grandes expoentes das iniciativas federais para o combate à fome e a erradicação da extrema pobreza no país, José de Castro (que teve seus direitos políticos caçados na ditadura de 1964), publicou um livro intitulado “A Geografia da Fome” no qual descreve o Brasil da seguinte forma: “No Brasil, ninguém dorme por causa da fome. Metade porque está com fome e a outra metade porque tem medo de quem tem fome”. E realmente é um fato alarmante saber que 71 anos depois deste relato 1 a cada 3 crianças menores de 5 anos não cresce adequadamente graças a desnutrição.

Em 1986, o engenheiro e economista Cristovam Buarque (que também teve seus direitos políticos caçados na ditadura de 1964) propõe pela primeira vez um programa social econômico para a erradicação da pobreza, o Bolsa-escola, que só foi aprovado com muita luta em 2001, com ele, outros programas também vieram a ser aprovados pelo governo federal, até que em 2003 todos eles foram unificados no BOLSA FAMÍLIA.

No último ano, tivemos um vírus que diante de todos os malefícios, também contribuiu para a fome e a pobreza, causando desemprego e necessidades em todo o território brasileiro. Segundo dados do governo federal, em 2020, 14.283 milhões de famílias dependeram do Bolsa Família para terem uma renda mensal. O Auxílio Emergencial, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), foi aprovado na Câmara dos Deputados, no Senado e logo depois foi sancionado pela Presidência da República com um valor de R$ 600,00 podendo chegar a R$ 1.200 para mães solteiras no período de 3 meses, o mesmo foi prorrogado por mais 4 meses pela metade do valor e agora ele não pode mais continuar por falta de recursos financeiros no tesouro público.

Embora tendo vários exemplos louváveis de atuação contra a pobreza ao longo da história do país, uma notícia preocupante demonstra o nível de irresponsabilidade do então presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido), ao aplicar 15 milhões dos cofres públicos em “Leite Condensado”, uma ironia, já que o Brasil soma 13,5 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e mais de 14,1 milhões de desempregados em todo o país. Os parlamentares incentivam uma investigação para dar uma satisfação vigente a nação, contudo, o fato é no mínimo curioso. E enquanto acompanhamos o fim das investigações, continuamos sobrevivendo, uns com leite condensado, outros sem arroz e feijão… E ainda há quem diga que estamos “todos no mesmo barco”.

Por Johnew Sousa

Obs. A opinião expressa é de responsabilidade de seu autor, não devendo ser entendida como posicionamento deste portal. Havendo necessidade da manifestação de pensamento por parte do “O Pedreirense”, o faremos sempre por meio do “Editorial”.

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