POLÍTICA
Campanhas ao Supremo não costumam ser bonitas, mas a disputa pela vaga de Ricardo Lewandowski desceu a um bueiro onde currículos seguem para morrer. Nele, vicejam dossiês mequetrefes. Em Brasília, nunca saiu coisa boa desse tipo de bueiro. Apenas quem nele habita se dá bem.
O principal alvo dos dossiês é o criminalista Cristiano Zanin. Não se trata de um personagem misterioso. O que ele fez nos últimos anos como advogado de Lula está a um Google de distância, caso a memória falhe. As suspeitas na operação Esquema S – sumariamente arquivadas por Gilmar Mendes – também. As razões que sustentariam a escolha de Zanin são igualmente nítidas. Se lealdade a Lula e ao partido é o único atributo que interessa verdadeiramente num candidato, a escolha será desleal com o país.
A questionável indicação de Zanin, porém, não justifica a livre distribuição de dossiês com ataques íntimos e familiares, que não têm qualquer relação com a qualificação do advogado para ocupar uma vaga no Supremo. Quem não trabalha com limites morais mínimos deveria ficar longe de articulações desse calibre.
O Supremo e o país ganhariam se a campanha pela sucessão de Lewandowski saísse do bueiro. A vaga não é do ministro nem do PT. Também não deveria ser de quem mora no subsolo.
Por Diego Escosteguy, em O bastidor