O que seria da música brasileira, se não tivesse existido Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, João do Vale, Marinês, Sivuca, Dominguinhos e tantos outros artistas nordestinos que marcaram época?
Eles, ao som da sanfona, mostraram ao Brasil a irreverência de um povo massacrado e esquecido, que aprendeu transformar seca em poesia, externando suas alegrias e dores através do baião, do côco, do xaxado, do xote, caracterizando assim, o nosso genuíno forró “pé de serra”.
E o que seria desses nomes se não fosse a sanfona? Talvez passassem despercebidos pelos críticos. Esse sublime instrumento, de sonoridade inigualável, deu fama a esses artistas que se foram e notoriedade aos que ficaram, para que dessem continuidade a árdua missão de não deixar a autêntica música nordestina ser engolida pela concorrência desleal da música descartável.
E o que seria de nós, “forrozeiros incorrigíveis”, se não tocasse por aqui a sanfona do Eliézer, do “Raimundin pé no chão”, do Ruy Mário, do Andrezinho, do Beto, do Evandro, do Jabotinha, do Antônio neto, do Edson, do Cabo Zé, do Zé Antônio da Jaqueira, do Pedrinho, do Índio do Acordeon, do Henrique borges, do Lucas Xeleleu, do Raniel Souza, do Sandrinho do Acordeon, do Nildo Potiguar e de tantos outros talentosos sanfoneiros?
Por isso, em homenagem aos verdadeiros “heróis da resistência”, esses incansáveis combatentes do forró de plástico, dedico o poema “se não fosse a sanfona!”.
Se não fosse a sanfona
O que seria do sertão,
Se não fosse a Sanfona?
Os acordes dessa “Dona”
Faz pulsar o coração.
No Forró, Xote e Baião
Não tem quem a desbanque,
É a primeira do ranking.
Se não fosse a concertina
Essa gente nordestina
Já teria adotado o Funk.
O forró original,
Esse, não existiria.
“AI, SE EU TE PEGO!” seria
Referência Cultural.
A música nacional
Seria esterco em pó.
A gente ouviria só
Suingueira e porcaria
E “Asa Branca” perderia
Para “Eguinha Pocotó”!
Uma sanfona bem tocada
É alimento para alma!
A gente sente uma calma
E a alma saciada.
Sendo ela executada
Por “Raimundin” e sua cria,
Com solo “Escadaria”
Machucando miudinho.
Gonzagão e Dominguinho
Lá do Céu escutaria.
A sanfona é abençoada!
Em razão desse instrumento
Conhecemos o talento
De muita gente afamada.
Sem Ela, o Baião seria nada.
Não haveria Gonzagão,
Dominguinhos, também não.
Nem Sivuca e Januário.
Não haveria Rui Mário
Nem Raimundinho Pé no Chão!
Por Edivaldo Santos, advogado, poeta e produtor cultural