Olhares atentos e curiosos, entalo nas falas, lágrimas nos olhos e muita emoção no coração. Esse seria o resumo ideal para a Santa Missa celebrada ontem (21), pelo Padre Almecy, na comunidade São José (Povoado São José dos Mouras), em Lima Campos, Maranhão.
“Sou muito grato a comunidade São José dos Mouras, pois foi aqui que eu tive meu encontro pessoal com Cristo, com o Cristo sofredor, com o Cristo que lutava pela liberdade e que me ajuda até hoje na minha missão como padre”.
Depois de mais de 30 anos sem vir à comunidade que ajudou a construir, formar e conquistar, o padre e lideranças que vivenciaram o conflito agrário de 1987, compartilharam sentimentos, lembranças e despejaram uma boa dose de história para uma assembleia de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.
Acusado, em 1987, de armar os trabalhadores rurais e quebradeiras de coco babaçu durante a disputa pela terra, respondeu: “Armei sim, é verdade. Não há uma criança, adulto ou idoso naquela comunidade que não esteja armada com um terço no pescoço, porque as armas de vocês matam o corpo, mas a que eu entrego salva a alma.“
Ao ser perguntado, em 1987, se a igreja incentivava as famílias a invadir propriedades alheias, Padre Almecy disse: “Olha, eu acho que a igreja não incentiva ninguém a invadir propriedades alheias, eu acho que a igreja está do lado do pobre, do marginalizado, do oprimido e eu acho que a igreja de Jesus Cristo não pode nunca deixar de lado esse povo oprimido e sofrido. Ela tem que está do lado, apoiando, levando às pessoas essa mensagem evangélica, essa força, essa vitalidade do Evangelho que, exatamente, dá forças para que resistam a tudo isso com coragem e com muita esperança”.
Por Atalicio Moreira