Após repercussão negativa, nesta quinta-feira (11), o Hospital Geral de Pedreiras retirou o termo “militar” das exigências de trajes apresentadas para entrar no local. As discussões se movimentaram nas redes sociais, mundo paralelo das queixas e indagações dos internautas e não estavam concentradas somente nas exigências de vestimentas comumente utilizadas pela população no dia a dia, mas na utilização de um termo que se encontra distante, em relação ao espaço físico, do “ambiente Militar” e foi essa expressão que culminou todas as discussões.
Um acontecimento digno de reflexão…
‘Impossibilitada de entrar no Hospital Geral’ em uma suposta ocasião emergencial, pensei ao receber a imagem que informava as regras, ao tempo em que analisava os trajes que estava usando naquele momento. Mais confusa permaneci ao tentar projetar na memória um ambiente Militar que se aproximasse das condições despojadas do meu guarda-roupa a tal compatibilidade. ‘Ferrou’. Entre uma reflexão e outra resolvi por questões de curiosidade entender o que estava acontecendo e para a minha surpresa encontrei o que possivelmente seria o problema.
Ao pesquisar no Google imagens “regras de trajes de hospital” surpreendentemente me deparo com o mesmo comunicado, mesmas regras, o mesmo designer, porém, do Hospital Central do Exercito (HCE). Seria a primeira explicação para o requisito “compatíveis com o ambiente Militar”, o que, em outras palavras, fez a administração do Hospital Geral de Pedreiras, um plágio do Flayer de um Hospital Militar, sem analisar as distintas realidades entre um e o outro.
O HCE atua há mais de 240 anos prestando serviço “à causa da Medicina Brasileira, em particular à Medicina Militar” e atende principalmente os membros do exercito e seus familiares. Um ambiente historicamente descrito pela formalidade nas vestimentas, saudações e comportamentos peculiares, um espaço tão segmentado, que consegue incorporar regras rígidas de trajes de forma natural, por estarem habituados a isso, o que não é o caso do Hospital Geral que atende a população de Pedreiras, povoados e até cidades vizinhas.
“Nunca imaginei um hospital (público) comparado a um ambiente Militar. Acho que não tem nada a ver. Não poder entrar de chinelo? E se não tiver sapatos?”, questionou uma internauta nas redes sociais.
De fato, uma situação inusitada daquelas dignas de uma boa reflexão crítica, pois- temos à nossa disposição todos os privilégios oferecidos por um hospital militar? E na urgência de socorrer alguém, estaremos vestidos “apropriadamente” para entrarmos no local? Todos foram alertados sobre as regras?- são questionamentos que deveriam ser respondidos antes de qualquer tomada de decisão que influenciará na vida da população.
A retirada do termo “Militar” foi uma decisão sensata, tomada pela administração do Hospital Geral de Pedreiras, mas analisar o cenário é importante para compreendermos que nós, enquanto cidadãos, precisamos entender as nossas limitações sociais, de acordo com aquilo que nos é imposto. A mesma regra aplicada em realidades desiguais sempre irá pesar para o lado “fraco”.
Por: Mayrla Frazão