LITERATURA
“Oyasumi Punpun (Boa noite Punpun)” é um mangá (quadrinho japonês) de 7 volumes que retrata a vivência de Punpun Onodera. Cada volume retrata uma fase de sua vida, iniciando aos 11 anos, até tornar-se um adulto. Acompanhamos suas descobertas e entrada na adolescência, ao mesmo tempo que descobrimos seus conflitos familiares e em suas amizades.
Não é uma leitura fácil ou habitual, nos colocando cara a cara com problemas internos que podem gerar alguns tipos de gatilhos para pessoas mais sensíveis, no entanto, apresenta uma narrativa consistente e reflexiva a respeito dos problemas apresentados pela obra.
O protagonista apresenta uma aparência nada comum, ainda que simples, destoando completamente das outras pessoas. Abrindo um espaço para liberdades poéticas o autor Inio Asano, propositadamente, nos gera esse choque em relação a aparência do protagonista para que o ouvinte perceba o quão deslocado esse está de todos os outros, ainda que ninguém ao seu redor perceba, ligue ou comente sobre sua aparência nada convencional. Como se para eles Punpun fosse como qualquer outra pessoa, sendo incapazes de enxergar suas diferenças, a estranheza é colocada apenas a nós leitores.
Seus traços simples, propositalmente feitos, são um recurso de imersão simples, porém bem elaborados para que o sentimento de conflito surja, à medida que nos identificamos com o personagem principal, também questionamos suas decisões e atitudes, perguntas como: o que ele está fazendo é realmente certo? Por que ele está fazendo isso? Ele não vê que isso é errado? Esse personagem é o mocinho ou o vilão? São exemplos de questionamentos que podem ser feitos à medida que a obra progride e se desenrola. O misto de tristeza, solidão, empatia e raiva, que sentimos pelo Punpun, refletem conflitos que o próprio personagem sente dentro de si.
“Boa noite Punpun” não é uma leitura fácil, porem apresenta uma ótima narrativa, sendo uma leitura excelente, passando, de maneira muito assertiva, sua mensagem para o leitor.
Por Marcos Gabriel Teixeira, um leitor contemplativo