Em um texto recém escrito e publicado no Portal O Pedreirense o médico Allan Roberto comentou seu ponto de vista a respeito da pandemia e da politização que se tem feito da mesma. Em um trecho destaca o seguinte “nosso inimigo no momento não é político ou ideológico”. Este texto é pra fazer um contraponto a essa afirmação.
Claro que o nosso inimigo maior é o vírus, não só o nosso, mas o de todo mundo. No entanto, as decisões que perpassam as medidas de enfrentamento a esse inimigo (o vírus da covid-19) está atrelada a decisões políticas, que por fim está também atrelada a questões ideológicas, portanto, no caso do Brasil em especifico, a nossa questão é principalmente política, já que esse fator está sendo determinante para o não combate ao coronavírus.
Desde o início da pandemia o nosso presidente e seus principais apoiadores escolheram o lado do negacionismo, primeiramente em ralação a gravidade. “Isso não passa de uma gripezinha”, “pelo meu histórico de atleta nada vai acontecer comigo”, entre outras frases sem nenhum respaldo científico que é costuma de nosso mandatário, Jair Bolsonaro. Ele apostou na tal “imunidade de rebanho” e que por isso o melhor seria continuar na normalidade até que todos se contaminassem, mesmo que morresse uma parte da população. Esse é um dos primeiros pontos que destaco sobre sua negligência e anticienfitismo, que está logicamente associado a questões ideológicas da ultradireita.
Outros pontos a serem destacados são as aglomerações em que participou e incentivou; falas contra o uso de máscaras e sua eficácia; colocou em dúvida os institutos e a vacinação, se colocando frontalmente contra a mesma e inclusive, dizendo que não iria se vacinar; entre outras tantas coisas que não dá pra destacar os pormenores.
Além de tudo isso, flertou com desespero da população mais financeiramente vulnerável, pra que as mesmas não deixassem de trabalhar e em contrapartida ofereceu um Auxílio Emergencial de miséria, justamente pra que as pessoas não pudessem manter suas necessidades básicas e fossem pressionadas a sair de casa para trabalhar. Se não fosse o Congresso, que ampliou o auxílio de R$ 200,00 para R$ 600,00, a desgraça seria ainda maior no ano de 2020.
Nesse ano, até o momento, não concedeu o Auxílio Emergencial, que por sua vez não será suficiente e fará novamente uma grande pressão para que os trabalhadores se sintam obrigados a trabalhar para manter seu sustento. Todas essas ações e medidas, são políticas e portanto, estão dentro do escopo ideológico. A negligência no aspecto social, econômico e humanitário fez do Brasil um pária no mundo em relação ao combate ao coronavírus, fez desse país um perigo para todo o planeta com o surgimento de novas cepas.
O presidente é o maior responsável por isso, já que lavou as mãos para as suas atribuições, que é coordenar as ações estratégicas nacionais, e aqui não cabe dizer que o STF proibiu disso.
Por essas e outras razões o médico Allan Roberto está equivocado a não atribuir a maior responsabilidade das mortes ao senhor Bolsonaro. E outra, volto a afirmar, toda ação é política, inclusive o combate a essas duas tragédias como é caso dessas duas pandemias no Brasil, a da covid-19 e a do Presidente.
Por Jaime Ribeiro Lopes, professor