Gente que faz nossa história
No quadro “Personalidades” visibilizamos, em especial, pedreirenses que levam o nome de nossa terra através de suas trajetórias, saberes e fazeres. Nossa personalidade de julho é José Maria Oliveira Rimar, Zezão Rimar nas redes sociais. Chefe de cozinha, há 13 anos morando no Pará, já passou por Santa Catarina, Mato Grosso, Bahia, Rio de Janeiro, Ceará, Goiás e Brasília.
“Filho de pedreiro, sem expectativa de emprego na cidade. Quando terminei meu ensino fundamental mudei de Pedreiras para Imperatriz (MA), uma cidade maior, com expectativa de novos horizontes, onde tive meu primeiro contato com a gastronomia, trabalhando em um restaurante Self-Service. Pesava comida dos clientes. Ali vi que era o lugar onde queria trabalhar, sendo que já tinha um trabalho de vigilante, em um shopping da cidade, na época. Anos se passaram, fui para Goiânia tendo a oportunidade de trabalhar com grandes chefes goianos, os mesmos me introduziram no meio gastronômico. Goiânia foi a porta para uma vida de correria e de experiências gastronômicas maravilhosas, relata Zezão ao jornal O Pedreirense.
Sua sina, como a de tantos outros pedreirenses, é marcada pelo êxodo em busca de terras com oportunidades. A estrada, para Zezão, foi a única saída diante da falta de emprego e perspectivas.
“Hoje, depois de longos 20 anos na área da gastronomia, meu sentimento é de conquista, porque nessa área conquistei minha independência financeira. Hoje tenho respeito no meio gastronômico. Isso deixa a gente muito orgulhoso do trabalho que faz. Sou bem relacionado graças a gastronomia. Tenho a sensação de que hoje, com o conhecimento que tenho, sou um vencedor na minha área. Morando em Marabá, tenho uma casa comprada com frutos da minha profissão. Formei em Geografia e aos poucos vou planejando um futuro melhor para mim; quem sabe até mesmo um pequeno restaurante.
“A Assembleia de Deus para mim é tudo, foi quem me deu a luz do conhecimento”, sublinha Antônio Rodrigues de Amarante Chaves [77 anos], que durante 16 anos de sua vida, se dedicou ao cargo de pastor presidente da Assembleia de Deus de Pedreiras, Maranhão, mas a sua trajetória como pregador do evangelho começa bem antes.
Natural de Luzilândia, no estado do Piauí, nasceu em 25 de outubro de 1944. Aos nove anos de idade chegou ao estado do Maranhão, aonde viveu durante alguns anos em Ponta Bonita, povoado localizado em Pio XII. Foi lá, que ao completar maior idade aceitou a Jesus e após alguns anos, foi consagrado pastor. Durante décadas, passou por 16 igrejas pelo estado, mas somente em 15 de janeiro de 2006 chegou em Pedreiras, aonde construiu parte importante do seu legado.
O conhecimento e a memória adquiridos durante todos esses anos foram ‘desfeitos’, segundo ele, em virtude de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que o obrigou a jubilar [aposentar-se de seu cargo na igreja]. Sem recordar sua passagem da bíblia favorita ele ressalta uma das coisas mais importantes da sua vida que o AVC levou, a sua memória. “Já fui chamado até de professor há algum tempo e hoje simplesmente eu não sei mais ler, eu não sei mais nada”, explica.
Apesar do seu estado de saúde delicado, a igreja para ele continua sendo casa, agora somente como ouvinte da palavra de Deus. Mas é inegável, principalmente pela geração liderada por Amarante Chaves, que ele é um acervo vivo da história da Assembleia de Deus de Pedreiras, que hoje protagoniza o quadro ‘Personalidades’.
Em nossa juvenil democracia, o debate sobre o protagonismo das mulheres na política pedreirense é um fenômeno novo. Em pouco mais de 100 anos de história, apenas três mulheres ocuparam o cargo máximo do município. Nossa homenageada neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, nunca ocupou cargo algum, mas ousou adentrar um espaço que só cabia aos homens brancos. Dona Francisca, nossa popular Chicona, é natural de Campos Sales, estado do Ceará, havendo nascido em 31 de maio de 1939.
Mulher negra, ousou infringir regras postas por uma sociedade pedreirense machista, patriarcal e elitista. De costume, frequentava a Câmara de Vereadores de Pedreiras, Maranhão. Sem papas na língua, manifestava suas ideias a quem quer que fosse, nutrindo uma defesa persistente do então prefeito Raimundo Louro. Chicona era uma raridade nos espaços historicamente ocupados por homens. Hoje, no contexto local, este debate ganha força. Política é coisa de mulher, com ou sem cargo público. Eis a grande lição deixada por Chicona, que viva, recebe os cuidados de sua nora.