Considero urgente que reflitamos sobre as mídias, das grandes às pequenas, incluindo as pedreirenses. A questão precisa ser ampliada, de tal modo, que se perceba que não é apenas a Globo, ou a Folha de São Paulo, que é regida por interesses. A Mídia Ninja também é? Sim! E os meios de comunicação de Pedreiras, são puritanos? O Pedreirense é imparcial? Os proprietários dos meios de comunicação local são apenas altruístas comunicacionais? Precisamos refletir sobre e como cada interesse mobiliza os meios para uma direção. Esta é uma certeza que há tempos acaricio, reforçada na polêmica em torno das denúncias sobre o suposto uso de testes vencidos pela Prefeitura de Pedreiras.
Antes de continuar, separei três textos que são trechos publicados por diferentes meios de comunicação, dois deles títulos:
“Opositores de Vanessa Maia tentam tocar o terror na população com informações falsas sobre a validade dos testes de covid-19 em Pedreiras”, título publicado pelo blogueiro Coutinho Neto.
“Secretário Municipal de Saúde emite nota esclarecendo sobre testes da Covid-19 e desmente sobre falsos boatos ventilados em Grupos de Whatsapp”, enunciado escolhido pelo blogueiro Luís Carlos.
Já o perfil no Instragam “Pedras City” publicou a nota de esclarecimento da prefeitura com a seguinte legenda: “Chega a ser absurdo as fake news espalhadas em Grupos de de WhatsApp com um assunto tão sério. Em nota, A Prefeitura municipal de Pedreiras esclarece os fatos”. Mantenho o texto como o publicado pela página.
Se são textos de ‘encomenda’, não sei! Não sou fiscal dos colegas de profissão. Como jornalista e antes de tudo, um corpo político, como qualquer cidadão, incluindo meus pares de profissão, ponho-me a refletir à comunicação que temos e a que podemos ter.
Os três são recortes de um ambiente comunicacional que agrega outros nomes. Em comum as três fontes escolhidas apresentam uma linha de comunicação sempre favorável a atual gestão. Replicam narrativas favoráveis e ignoram, como na polêmica dos testes, elementos que não podem ser desconsiderados se o objetivo é expor todos os lados de uma questão.
Não existe fake news sobre vencimento de teste de vacina. Quando eles usam esse termo, objetivam invalidar qualquer tipo de questionamento que derive de um fato. Que fato Joaquim? A desconfiança partiu de laudos verdadeiros, emitidos no dia 20 de janeiro, onde os testes aparecem com validade no dia 7 de janeiro. A própria nota confirma o fato, quando explica que se deu em decorrência de suposto erro de impressão. Ela não diz que os documentos apresentados pelos denunciantes são fake, muito menos que foram forjados por gente que não vai com a cara da prefeita.
No entanto, numa distopia da realidade e a título de exemplo, os três espaços comunicacionais optaram por invalidar todo um contexto, atribuindo-lhe a pecha de noticia falsa, dando enfoque ao pretexto: as justificativas trazidas pela gestão. É importante lembrar que o fato foi denunciado por cidadãos a relação, ou não com a política partidária não dirimia a gravidade da denúncia provada pelos laudos. Infelizmente nosso jornalismo “gato de madame”, por interesses próprios, escolheram invisibilizá-los, em detrimento do que há de mais básico na produção de uma matéria jornalística.
O jornalismo local, caso não queira se perder no tempo, precisa avançar. Deixando claro para o seu leitor o que é matéria patrocinada e o que é matéria jornalística – são diferentes- e abandonando de vez o mito da imparcialidade no modo de comunicar, na escrita, na edição, titulação. Não há, em lugar nenhum do mundo, uma comunicação humana isenta de parcialidade. Mas entre nós ainda há quem proclame essa besteira, esse rastro maldito de puritanismo, com o qual se nega a própria natureza humana.
Quando um jornalista observa, observa de um ângulo, quando enquadra uma câmera exclui da cena o que não quer que apareça, quando escreve escolhe que palavras usar. De dez fotografias, o fotojornalista deverá escolher aquela, que no seu ponto de vista, diz o que ele quer passar. Tudo é recorte e tudo é parcial. E ainda bem que é! A imparcialidade é um fardo que só os deuses suportam.
Vou citar um outro exemplo. Quando o Tribuna 101, da Rádio Cidade, toca, em demasia, num determinado assunto, durante uma gestão municipal, e silencia após a chegada de outra, que inclusive investe nos espaços publicitários do referido veículo de comunicação: isso é parcialidade.
Nesse ponto preciso ser justo. Existem parcialidades regidas pelo dinheiro e por ideologias. Não necessariamente juntas ou separadas. Aqui no O Pedreirense adotamos a ‘Linha Editorial’, que são a alma deste jornal. Nela estão contidas as diretrizes que balizam a atuação de nossos profissionais. Nossa linha editorial, bem como editoriais, são posições. O muro é para os gatos.
A estrada da maturidade deverá exigir que o jornalismo pedreirense abandone velhos mitos. É lindo um jornalismo com posição. Aberto ou camuflado, todo espaço comunicacional desta cidade toma uma direção. A questão é: o que os move?
O cidadão que denunciou, não publicou o nome dele, no meu ponto de vista uma denúncia para ser séria deveria ter a assinatura do denunciante.