OPINIÃO
A cidade mais banguela do Brasil aqui, a mais banguela ali. Nem precisa aparecer o nome. Eis uma fama, contestada de pé junto pela gestão “Tempo de Reconstruir”, da qual Pedreiras, Maranhão, tão sedo se livrará. No município desdentado, a história provoca risos e uma dor de cabeça com a qual a prefeita Vanessa Maia e seus subordinados, lidam, ainda mais diante dos últimos desdobramentos que levaram a prisão dos irmãos Roberto Rodrigues de Lima e Renato Rodrigues de Lima. Informações obtidas junto à fontes da Secretária da Saúde, dão conta da realização de uma suposta auditória na pasta comandada por Marcílio Ximenes.
No mesmo dia em que ocorreram as primeiras prisões do Orçamento Secreto, na pequena e não tão distante Igarapé Grande, por ocasião da operação é Quebra Ossos, apuramos que Pedreiras se destaca como beneficiária, em uma planilha contento informações do Sindorc (Sistema de Indicação Orçamentária). Datadas de abril deste ano, mostram, ao todo, cinco solicitações de Roberto Rodrigues de Lima, que somam R$ 16.835.972,67 (Dezesseis milhões, oitocentos e trinta e cinco mil, novecentos e setenta e dois reais e sessenta e sete centavos). Estamos falando de verba pública, mas pela falta de transparência, tão questionada no caso do Orçamento Secreto, não se sabe que parlamentar está ligado aos valores.
O Secretário de Saúde de Pedreiras, Marcílio Ximenes, foi questionado via WhatsApp, mas até o momento não deu retorno ao contato do jornal O Pedreirense. O espaço para esclarecimentos permanece.
“Nas planilhas oficiais do Congresso, Roberto Rodrigues de Lima aparece como solicitante de 69 milhões de reais em emendas de relator-geral do orçamento para municípios do Maranhão, só neste ano”, explica Breno Pires, jornalista, autor da reportagem ‘Farra Ilimitada’ [aquela com o olhar firme da funcionária Conceição Benigno e os dentes em uma bandeja], publicada em julho de 2022, pela Revista Piauí, que desencadeou uma série de reações, em especial, da Justiça.
Mas nada do que tem sido dito e mostrado, até aqui, que coloque Pedreiras no âmago do questionável Orçamento Secreto, abala o silêncio sepulcral da Câmara de Vereadores de Pedreiras, ou constranja o parlamento, de maioria governista, a ensaiar, mesmo que por puro protocolo, uma reação. Fechados com o governo municipal; tratar da relação Pedreiras e Orçamento Secreto é azucrinar um sistema que segue rigorosamente a sina de ser colete à prova de balas e que por vezes dispara contra parcelas sociais que teoricamente representam: os aposentados que o digam.
Nesta terça-feira (18), na primeira sessão após a operação Quebra Ossos e a vinculação de Pedreiras a um dos suspeitos presos, inclusive em telejornais de repercussão nacional, apenas a parlamentar Katyane Leite, dos 13, tocou na questão, longe de ensaiar qualquer tentativa de fiscalização, já que não lograria êxito diante da tropa de choque que a gestão consegue manter na Câmara.
“A gente lamenta que o nome de Pedreiras tenha aparecido entre as cidades supostamente envolvidas, de acordo com vários telejornais. Pedreiras foi a cidade que foi mais beneficiada, com 11 bilhões. A gente espera que tudo se esclareça. A Polícia Federal está investigando”, disse ela ao discursar na tribuna.
Nos parece claro que deve, também neste caso, haver a separação de poderes. Cada ator social, instituição, dentro do que lhe cabe, dever cumprir seu papel. Se apropriar de um silêncio abissal e nele se proteger, não me parece encontrar guarida nas letras que regem a dita “Casa do povo”. Os vereadores não são pagos, e bem diga-se de passagem, para se omitir. A sociedade, incluindo a nossa, deve cobrar das instituições, com clareza e de forma enfática, que cumpram suas funções. Os agentes administrativos podem até calar diante de repórteres locais ou de veículos de comunicação nacionais, mas devem, antes de tudo, satisfações ao povo.