Meu primeiro dia de aula de Filosofia na FAESF, no curso de Geografia, no ano de 2007, foi meu contato inicial com o professor Edilson Macedo, conhecido em toda Pedreiras e região como Padre Edilson. De início a primeira coisa que fez foi perguntar o nome de todos e desde aquele instante, toda vez que se referir a qualquer aluno, o fazia chamando pelo nome.
Deixou todos perplexos – como é possível aprender o nome de todos de uma turma com mais de 30 alunos, logo no primeiro dia de aula? Esse foi meu primeiro encantamento com a forma do professor Edilson de ministrar uma aula. Desde então, por essa e outras coisas, minha afeição pela filosofia, por suas aulas e pela sua companhia só cresceu.
Em dado momento do curso nos apresentou o filme “Sociedade dos Poetas Mortos”. Esse filme mostra um professor que vai de encontro aos preceitos da instituição que ensina, aonde se preza, principalmente, pela disciplina e a obediência. Esse professor mostra a um grupo de jovens alunos que é preciso mais que ganhar dinheiro, ter uma boa profissão, ser obediente. É necessário paixão, para assim aproveitar verdadeiramente os prazeres e a beleza de viver. É preciso carpe diem.
Em dado momento do filme os alunos, como sinal de respeito, se referem ao professor como “Oh captain! My captain!” (Oh capitão! Meu capitão!). Desde então, toda vez que me encontrava com meu eterno e querido Professor, e foram muitas vezes, era assim que eu o cumprimentava ao abraça-lo – Oh capitão! meu capitão! E da mesma forma ele repetia.
Edilson (era assim que o chamava, pois não o conheci quando ainda era Padre), dominava, como ninguém, os conceitos e as indagações mais profundas que os seres humanos são capazes de conceber, e como ninguém, era assertivo e crítico dos padrões morais, sociais e capitalistas da sociedade atual.
Me ensinou muito sobre história, sociologia, antropologia e filosofia, mas sobretudo me ensinou sobre a vida e sobre generosidade, como deve ter ensinado também a milhares de pessoas que conviveram com ele.
A sua sagacidade, sua inteligência, seu senso crítico, seu humor, era reconhecido por todos, mas o que mais me impressionava no meu Capitão, era a sua humanidade, capaz de tratar todos a mesma maneira, independente de escolaridade e classe social. Edilson Macedo era um grande intelectual, que sabia conviver com todos os saberes, erudito e popular. Isso é característica apenas dos grandes homens e das grandes almas.
Vá em paz meu Capitão. Meu eterno e de muitos, Professor.
Por Jaime Ribeiro Lopes, professor de Geografia