OPINIÃO
Procura-se Dr. Humberto Feitosa, o político, aquele duas vezes candidato a prefeito e mais recentemente postulante a uma vaga na Câmara dos Deputados. O Dr. Humberto Feitosa médico é fácil de encontrar. Certamente em algum centro cirúrgico, exercendo à medicina com dedicação e grandeza. Minha mãe, enfermeira, o conhece e reconhece seu trabalho. Aliás, quando o assunto é parto, ele é notável. Já como político precisa ser líder e para ser líder só se nascer de novo.
Dr. Humberto Feitosa não é uma peça qualquer nas engrenagens da política pedreirense, mas digo, sem medo de errar, que ele foi uma onda, atingiu seu ponto máximo e agora é absorvido pela areia quente. Não duvido que ser prefeito lhe seja um sonho e ainda que seja isso não faz dele um líder.
Líderes são referências, é gente que ocupa a dianteira, não é figura que espera, senta na praça e joga milho aos pombos. Líder não teme se fazer ouvir, mesmo quando as pautas em questão são demasiadamente indigestas. Por mais coletivista que seja meu pensamento, líderes são necessários. Mas é bom que se diga que ninguém é um líder em si. Determinado recorte social precisa legitimá-lo. Diversas realidades nos exemplificam isso. Aqui evoco, a título de exemplo, memórias da liderança de Maria de Jesus Brigelo, quebradeira de coco babaçu. Uma referência para tantas mulheres que lutam pelo território livre.
Dr. Humberto encarna aquele político de temporada. Aparece, bate à porta e não eleito some. Alguém enxerga liderança nisso? Esse, penso, foi um dos cominhos que o levaram a derrocada em 2020, quando pela lógica, diante de uma candidata sem trajetória política, um governo medíocre do liso, deveria ter sido vitorioso. Errou ao achar que só a soma de grupos garantiria sua vitória. Mas o próprio Dr. Humberto sumira, 4 anos antes, depois de ser derrotado por Antônio França.
A política não perdoa os sumidos. A política não bem recepciona quem não se envolve com os dilemas que atravessam o povo. É na omissão de Dr. Humberto, por exemplo, que Vanessa Maia vai plantando a semente de sua reeleição e Katyane Leite ocupa, solitariamente, a tarefa de ser oposição.
Para ser líder Dr. Humberto precisa nascer de novo, pois não há curso no mundo que faça alguém ser plenamente líder. Liderança é vivência, é uma vida de envolvimento com as demandas populares. Liderança é fechar a porta estando pelo lado de fora, lutar mais um dia sob sol, mesmo quando o corpo pede sombra. Isso não vem com diploma algum, creio que está no sangue, na alma.
Pode, Dr. Humberto, que não se envolve, envolver? Há cabimento?
Líder é gente oportunista e não, não trago aqui o sentido pejorativo do termo. É possível se envolver sem fazer da luta palco. É possível se envolver, mas deixar que o povo seja sua própria voz. Ser líder não é suplantar a voz popular, não é falar pela gente, é dialogar com a gente.
Quando foi a última vez em que Dr. Humberto se envolveu, aprendeu e dialogou com a alguma demanda pública dos pedreirenses fora do período eleitoral? Essa aparição miraculosa, a cada quatro já não convence. É um formato que desconsidera a mudança dos tempos, das coisas, linguagens e do humano.
Nada se ouviu dele diante dos escândalos que colocaram Pedreiras em noticiários nacionais. Fosse líder, dentro dos limites naturais da boa política, teria se posicionado, apontados caminhos. Falta de espaço? Na era das redes sociais argumentos assim já não servem. Dr. Humberto é um excelente case do que não se pode ser como líder, afinal de contas, política, em seus amplos sentidos, é estar inserido, seja na luta, ou entre os que sentem os impactos dela, ou da omissão. Não há quem escape. Todos são atingidos pela política, de diferentes formas. Não há liderança em alguém com a qual não se pode contar.
