OPINIÃO
Petistas com bom diálogo no mercado estão preocupados com a atitude provocativa de Lula em relação a investidores. Acham que o presidente eleito adotou uma postura defensiva e está comprando uma briga ruim para o país.
Na terça-feira, 13, esperava-se que Lula só tratasse da nomeação de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES após o fechamento da bolsa.
É o tipo de anúncio que normalmente se faz após o fechamento do mercado. Notícias assim provocam oscilações que podem causar prejuízos a muitos e lucros a poucos.
Numa fala não programada, porém, Lula disse que porque o mercado reagiu mal ao “boato” de Mercadante, ele seria o seu nome para comandar o BNDES. A bolsa estava aberta e a reação foi ruim.
Há a avaliação de que Lula erra ao acusar os investidores de serem especuladores. Além de não ser verdade e de prejudicar em nível individual cada investidor, prejudica o país em duas frentes: empresas que investem no mercado de capitais usam seus ganhos no setor produtivo; a turbulência no mercado eleva juros futuros, que fazem o governo pagar mais pela rolagem da dívida pública.
“Sem falar que, ao atacar o mercado e provocar seu instinto de sobrevivência e de perder dinheiro, o presidente espanta o investidor estrangeiro que deveria colocar dinheiro aqui porque temos energia limpa, porque teremos preocupação social”, disse um petista ao Bastidor.
O problema é que ninguém consegue falar com Lula a respeito. “Ele, normalmente, ouve muita gente sobre temas que não entende. Mas, no caso da relação com o mercado, está certo de que sabe tudo porque foi presidente por oito anos”, diz.
Por Nonato Viegas, em O Bastidor