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domingo, dezembro 1, 2024

Normose: um ensaio sobre a busca pela normalidade

Alice: Chapeleiro, você me acha louca?

Chapeleiro: Louca, louquinha! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são.

Começando essa conversa com você com um diálogo entre os personagens Alice e Chapeleiro Maluco do filme “Alice no país das maravilhas”, de 2010. Um filme que retrata a trajetória da protagonista em uma jornada para dentro do seu mundo para que possa descobrir a si, mesmo correndo o risco de ser taxada de louca.  Afinal, o que diabos é loucura? E o que é ser normal?

A todo o momento, somos instruídos a nos enquadrar em comportamentos e ideias consideradas normais para a sociedade, porém, a noção de loucura é bem relativa. Isso porque, o que é normal aqui no Brasil, muitas vezes não é normal no Japão.  Geralmente ocasionando em um comportamento preconceituoso normalizado nos anos 80, o que levou muitas pessoas à fogueira em 1800. E assim vai.

Ao analisarmos de forma crítica observamos que vivemos no limite de uma linha chamada NORMALIDADE, consequentemente, acabamos vivendo nossa vida pautada nessa tal linha imposta socialmente e aqueles que não a seguem, automaticamente, são rotulados LOUCOS.

Para filósofos como Michael Foucault, vivemos em uma sociedade de disciplina e vigilância. No livro “Vigiar e Punir”, ele considera que as relações de poder passam a ser entrelaçadas por meio do controle, da vigilância, das normas e da coerção social, para isso, traz o pan-óptico, um modelo de um edifício circular que no meio traz uma torre vigilante encarregada de vigiar as células, um modelo construído de maneira que todos sejam vigiados. A sensação de estar sendo vigiado faz com que as pessoas adotem um comportamento de cão adestrado, uma constante necessidade em se adequar às normas por medo de estar sendo julgado pelos outros, transformando-os em corpos dóceis – sem nenhuma reação. Foucault também já afirmava que a loucura só existe em sociedade.

E você sabe o que é a normose? Segundo alguns psicólogos é a chamada doença de ser normal, e tende a se transformar em uma epidemia globalizada. A patologia pela normalidade faz com que indivíduos tenham uma postura considerada pelo social como algo normal, assim, levando à infelicidade. Na década de 1980, o psicólogo e antropólogo brasileiro Roberto Crema, o filósofo, psicólogo, teólogo francês Jean-Ives Leloup e o também psicólogo, o francês Pierre Weil, construíram o livro Normose: A patologia da normalidade, que discute de forma aprofundada sobre a temática.

Seguindo a lógica da patologia pela normalidade, temos Nietzsche que, em seus estudos, que fazem uma crítica radical à filosofia ocidental, culmina-se no conceito moral de rebanho. Para ele, os seres humanos fazem um Ctrl C + Ctrl V da moral alheia, seja de hábitos e costumes, que podem ser valores danosos pela sociedade, ao invés de desenvolver e estimular o próprio pensamento crítico sobre o mundo a sua volta e suas representações simbólicas.

Em tempos de redes sociais, estamos cada vez mais inseridos em diversos tipos de rebanhos que apenas seguimos a manada em uma pastagem, perdendo assim, a nossa individualidade. E termino essa nossa conversa com mais perguntas para você lutar: ATÉ ONDE VAMOS PELO TÍTULO DE NORMALIDADE? E O QUE TEM DE ´TÃO ASSUSTADOR EM NÃO TÊ-LO? 

Por: Thiago Henrique de Jesus Silva (Thyago Myron) – jornalista pelo Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão – UNIFACEMA

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