Em 29 de julho de 2021, trouxemos relatos e imagens da acusação de tortura que Jacqueline Débora, de 42 anos, apresentou contra a rede de supermercados Mix Mateus, de São Luís (MA), os detalhes você pode conferir na reportagem: “‘Leve duas’: mix Mateus sob acusação de tortura”. O caso de Jacqueline não é um fato isolado. Na última segunda-feira (27), quatro funcionários da empresa, desta vez, na cidade de Santa Inês (MA), foram presos sob acusação de tortura e cárcere privado contra um homem negro, segundo os funcionários “suspeito de furto”. Após ser abordado pelos funcionários, o homem foi levado para uma sala isolada, amarrado com barbantes, aonde ficou preso durante seis horas.
De acordo com o delegado Elson Ramos, da delegacia civil do Maranhão, “a vítima nega a prática do furto, mas em tese, um fato não justifica o outro, mesmo que ele tenha cometido o crime de furto ele teria de ser apresentado imediatamente à delegacia e não levar a um quarto onde foi submetido a tortura psicológica, ou ficado amarrado ou algemado um bom tempo”, disse o delegado detalhando as agressões.
A rede de supermercados Mix Mateus é bastante conhecida no Maranhão, tendo como dono o bilionário Ilson Mateus. A repercussão do caso na internet levantou questões raciais, aonde internautas imputaram crime de racismo. De acordo com o delegado, as investigações estão em andamento, mas à principio as acusações são pautadas em tortura e cárcere privado. “Sabemos que às vezes há influencia a questão da raça, mas tudo vai ser investigado e averiguado nos autos”, disse o delegado em entrevista ao Jornal do Maranhão.
A vítima mora na zona Rural de Pindaré Mirim, com o apoio da família e de amigos, contratou um advogado para cuidar do caso. A família não quis se pronunciar sobre o ocorrido, por orientação do advogado. No povoado em que a vítima mora, moradores estão abismados com o fato. Algumas imagens tiradas pela vítima mostram as marcas da agressão, nas mãos, e sinais de que fora amarrado.
Em nota o supermercado Mateus alega que a equipe de segurança agiu para evitar o furto de inúmeras mercadorias que foram recuperadas e com isso, deram um prazo para que a família da vítima realizasse o pagamento. O grupo Mateus afirmou que os fatos foram deturpados pela vítima e que tentaram contato com a polícia, não obtivendo êxito. Ao serem presos, os quatro funcionários envolvidos na acusação, foram postos em liberdade após uma ordem judicial.