Vamos gente, eu já tô pronta pra ir pra o carnaval. Vocês demoram demais. Já começou lá na maçonaria e amanhã é na praça da Rua da Prainha.
Ela é a nossa Branca de Neve, nossa Smorfete, nossa Rainha dos Mosqueteiros. A Carmem Miranda dos sambistas. Ela era nossa Maria Bonita comandava os seus cangaceiros.
Nos primeiros refrãos dos sambas era a primeira a levantar pra dançar. No São João era a noiva da quadrilha.
Mandava fazer a fogueira que iluminava nossa vida nossa festa.
A cozinha era o seu espaço, preocupada se alguém não se alimentou.
O quintal era seu xodó, as festanças. Era nesse pequeno pedaço de chão. Os muros erguidos não limitava a vizinhança. Professora de vários doutores de hoje. Lembrada por cada um.
Seu legado era saciar a fome de conhecimento e de alimento a quem quer que seja.
Nem um dos melhores roteiristas não terá a capacidade de descreve-la e nem eu.
A poesia está calada, muda. Não só a família Pachêco está órfã. A Rua da Prainha também está.
Ela era a mãe de todos.
Nosso passarinho bateu asas e foi pra o céu.
Por Balbino Pachêco, filho de Jesus Pachêco e artista pedreirense.