Dinheiro, foguete e barulho, elementos historicamente presentes nas campanhas políticas em Pedreiras e Trizidela do Vale, cidades maranhenses, à revelia da carência de debates, ideias e saídas para problemas de décadas. Entretanto, com o avanço nos debates sociais, nos últimos anos, certas práticas sociais passaram a ser mais enfaticamente questionadas por não reconhecerem parcelas sociais igualmente dotadas de direitos e deveres.
“Eu me assusto por conta dos foguetes, por conta das bombas, por causa das motos que tem muito barulho. Eu queria que parassem mais com isso, porque meu coração fica muito acelerado, minhas pernas ficam tremendo. Minha mãe e minha irmã tem que me segurar”.
“Quando a política vai reconhecer a existência de Tamilly Pacheco?”, uma criança com paralisia espástica e aluna da Associação de Mães dos Especiais de Pedreiras (AME). Com sua história iniciamos uma série audiovisual com os relatos de quatro crianças especiais e seus responsáveis, sobre os efeitos dos foguetes e do intensos ruídos ocasionados pelos eventos políticos e religiosos em Pedreiras.
“A gente não vai ficar calado. As entidades, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Associação de Mães dos Especiais de Pedreiras (AME), Associação de Mães e Amigos do Autista (AMA) e Associação Pestalozzi de Pedreiras, estão se reunindo a favor de proteger nossos filhos”, destaca Thaynan Pacheco, mãe de Tamilly e presidente da AME.
O eco de uma luta
No dia 15 de outubro, na Câmara de Vereadores de Pedreiras, as coligações partidárias de Pedreiras e Trizidela do Vale, assinaram um termo de compromisso concordando com a não utilização de fogos de artifício, a partir daquele dia. As coligações deverão orientar os participantes dos atos, para que sejam evitadas o uso de motocicletas com descargas adaptadas para fazer barulho. Cabe à Polícia Militar o papel fiscalizador. Os veículos com descarga modificada deverão ser apreendidos.
Em nota, as entidades manifestaram gratidão a aqueles que contribuíram para que cada campanha assumisse o compromisso de continuarem suas atividades provocando o mínimo de ruído possível:
“As Associações de Pedreiras, Ame, Apae, Pestalozzi e Ama, expressa gratidão à conduta tomada em favor do público de pessoas com deficiência, na cidade de Pedreiras e Trizidela do Vale referente os fogos e demais efeitos sonoros desproporcionais. A luta é incansável por políticas públicas de acessibilidade e garantia de direitos, terem nosso pedido aceito nos faz acreditar cada vez mais em uma sociedade capaz de transformar algo em favor do bem maior e o princípio da promoção Humana”, destaca um trecho do documento.
Assista o relato de Tamilly Pacheco, abaixo.
Por Joaquim Cantanhêde