OPINIÃO
Há quem ame Fred Maia a ponto de bajulá-lo. Há quem o deteste a ponto de praguejá-lo. Quem já teve algum negócio com o cidadão dificilmente se manteve indiferente – uma coisa ou outra, mas nunca as duas ao mesmo tempo.
Quem o acompanha nas redes sociais, a julgar pelas legendas de suas publis no Instagram, não espera que ele ganhe o Nobel de matemática, menos ainda o da paz. Ele, que já foi vice e prefeito de Trizidela do Vale, vem apostando, ao longo dos anos, na imagem do político que acorda cedo, trocando o escritório pela “poaca” das obras assinadas por sua esposa. Por vezes subestimado, sabe da força que sua encenação tem diante de uma população com ojeriza da classe política.
Fred, que não é santo – há quem discorde – reconhece e se aproveita de cada brecha que lhe aparece, inclusive as de visibilidade em eventos institucionais bancados com dinheiro público, incluindo a fatia populacional que se pudesse, o mandaria de volta para Mossoró. Há quem argumente, “o cabra é esposo de Vanessa”. Seu protagonismo, nem sempre indireto, vai além de ocupar o papel de cônjuge da gestora. Fred não deixa seu projeto de poder em casa. Tudo o que faz e até como respira, gira em torno de suas aspirações políticas. É só esposo em casa, fora dela é o dito líder político do Médio Mearim – jargão historicamente usado por setores da mídia pedreirense para não magoar ego dos figurões sem mandato.
Que critérios definem um líder político na cabeça da imprensa? Está aí uma boa pergunta.
Fred tem um talento inegável: criar narrativas que fazem políticas públicas parecerem favor, mesmo àquelas entregues após promessas descabidas, processos licitatórios questionáveis e atraso. Faz a gente chorar e dizer obrigado. Existem outros nessa mesma pegada, mas o artigo é sobre ele. Sabe, como poucos, tirar proveito da aplicação de políticas públicas denotando sua influência. Quando lhe cabe, acentua Vanessa, quando possível atua como porta-voz de si numa gestão sabidamente sob sua influência.
A obra do bairro Maria Rita é um case de sucesso. Pisou lá mais do que a prefeita, não por ser um douto em engenharia, mas por entender das engrenagens da politicagem e amigos (as), é bom não duvidar de sua capacidade de converter parte dos críticos em apoiadores ferrenhos. Se Fred soube usar um problema deixado pela incompetência do prefeito anterior, prometendo, durante campanha, resolver tudo em 90 dias, muito mais fará a partir do dia 30/06, data prevista para a “inauguração” do bairro. Ali Fred não será esquecido tão cedo, mas pra garantir, que tal um churrasco e uma cervejinha?
Em Pedreiras, cidade tida como mais emancipada intelectualmente que Trizidela do Vale (tenho minhas dúvidas), o chefe do clã consegue distorcer ações administrativas, dando caráter personalista ao que de fato é governamental. Muito mais do que uma benfeitoria de infraestrutura por muito tempo reivindicada, ele já faz da obra do Maria Rita a mais expressiva carta na manga no tabuleiro político. É tolice supor que só Vanessa, na busca por ser reeleita, se aproveitará de uma obra paga pelo povo. Com que cara, por exemplo, Antônio França, se for candidato, lá pisará para pedir voto? Fred pode passear à vontade, pois dificilmente se deparará com algum constrangimento.
Se para ele, foi eleitoralmente estratégica a promessa dos “90 dias”, mais estratégico ainda foi o atraso, cuja entrega da obra beira o pleito de 2024.
Não sei se Fred consegue ver o próprio umbigo, mas quem o conhece diz que é em torno dele que seu mundo gira. Se orgulha da fama de ogro, capaz, por sinal, de fazê-lo personagem de uma das histórias contadas pela revista Piauí. Mas o mundo é maior que seu umbigo, seu projeto de poder. Alguém precisa dizer-lhe que Deus não é um cargo em disputa. Jeová não tem suplente.
📌 Observação: A opinião é de responsabilidade de seu autor e não representa um posicionamento do jornal O Pedreirense.