Amanhã (04), não havendo imprevistos, deverá ser inaugurada, às 9h, a primeira fase do Parque João do Vale (antiga Sucam), uma obra que, no papel, fora orçada em R$ 2,5 milhões e que no quesito tempo, desbanca a morosa obra do tão urgente Hospital Macrorregional, sem nova data anunciada para sua inauguração.
“Em breve, o Maranhão receberá mais uma importante área de lazer, esporte e cultura. A área, que hoje abriga alguns órgãos estaduais, serão incorporados dentro do espaço com a inauguração do Parque João do Vale”, destacou Simplício Araújo, Secretário de Estado de Indústria, Comércio e Energia (SEINC), durante uma das visitas que fez à obra.
O parque teve um início de história conturbado. Apesar de ser, naquele momento, um espaço ocioso à vista da população, a ideia de torna-lo parque foi questionada por aqueles que entendiam que defendiam a volta das atividades educacionais, dentro do âmbito do ensino superior, já que o terreno fora cedido à Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Evocam o CRUTAC – “considerado um dos primeiros programas de extensão da Universidade do Maranhão e funcionou com dois programas sediados nos municípios de Pedreiras e Codó, no período de 1970 a 1978”, escreveu Maria Alice Melo, em sua tese de mestrado “Cutrac: uma experiência de extensão na Universidade do Maranhão”.
“A implantação do Crutac em Pedreiras criou muitas expectativas na população, principalmente relacionadas com a melhoria da qualidade de vida, mediante o apoio às atividades de Saúde e Educação”, diz ela.
O Crutac não foi adiante, ficando pelo caminho o sonhado desenvolvimento que se tem, quando políticas públicas educacionais são implantadas. O tempo e o vento passaram a tomar conta do local, que abrigou prédios do estado e do munícipio, o teatro João do Vale, mas nada próximo de sua finalidade primeira.
Gestão após gestão, políticos e populares passaram a ver como normal a realidade da popular “Sucam”, mas na mente de alguns pedreirenses, a era Crutac não havia sido esquecida.
No primeiro dia de setembro de 2020, quando o ambiente político já se achava nitidamente desenhando, Simplício entrou em cena com o anúncio do Parque João do Vale, durante reunião online com exibição de uma maquete virtual de encher os olhos. Simplício se projetou e com ele Vanessa Maia. O Governo do estado, contudo, não ouviu a sociedade da região do Médio Mearim, cuja realidade é marcada pelo êxodo de pais de família em busca de emprego, e jovens a procura de cursos não contemplados em instituições de ensino público e privado da região. Em uma terra que idolatra médicos, só faz medicina quem tem dinheiro, inclusive, para bancar uma vida longe de casa.
Naquela altura, com a imagem política desgastada, o então gestor Antônio França entrou na justiça. O terreno permanecia um bem do município, mas o ex-prefeito, na ação, argumentou que fora doado à UFMA para uma finalidade – ser parque não era uma delas. Nos 45 do segundo tempo de uma gestão questionada, paralisar a obra foi o máximo que Antônio França conseguiu fazer.
Sem qualquer diálogo com a sociedade civil organizada e alinhada a Simplício, a prefeita Vanessa Maia jogou por terra o último empecilho à obra, que deve ser inaugurada, parcialmente, amanhã, com presença confirmada de Flávio Dino.
Ela já dura oito meses, o que surpreende a população de uma cidade que paga mais caro por atrasos ao qual o estado se põe a justificar. “Poder dizer que tá demorando, mas somos nós que vamos entregar”, disse Flávio Dino, sobre o Macrorregional, em sua visita à Trizidela do Vale.
A obra do parque envolve o trabalho de aproximadamente 120 pessoas, entre diaristas, empreiteiros e outros, informa Hélio Marinho, que coordena a parte de almoxarifado.
Nessa primeira etapa que será inaugurada, a parte civil da obra estará conclusa, restando reparos. “Depois entrará o pessoal da cultura, que estará trazendo o restante do material: móveis projetados, peças, antiguidades de João do Vale que virão para o museu”, informa Bruno Madson, engenheiro civil.
Inquestionavelmente, o lugar é de encher os olhos. Além de quadras, praças (recebem nome das músicas de João), abrigará o Museu João do Vale e o Centro de Referência da Juventude do Médio Mearim, a Biblioteca ‘A Minha História’ e a Escola de Música ‘A Voz do Povo’.
A grande prova para a estrutura de uma obra realizada com pressa, será o período chuvoso, que por vezes castigou as estruturas da “Sucam”, segundo funcionários que há décadas trabalham ali. A passagem natural do igarapé São Francisco, em meio ao parque, preocupa.
No ápice das Olimpíadas, durante visita ao parque, num domingo (15) de agosto, Simplício Araújo anunciou a maratonista Cleudilene Ramos como gestora do parque. Outros cargos importantes devem ser anunciados.
“Muito feliz! Até sem palavras. Só tenho que agradecer”, disse Cleudilene Ramos ao ser anunciada como gestora.
Na semana passada nossa equipe visitou a obra. As fotografias dão uma ideia do que será o Parque João do Vale.
Horário de funcionamento: 05h às 22h.