É incrível perceber como apesar de sermos comuns no aspecto biológico, possuímos modos de vida, crenças, culinárias e pensamentos diferenciados. Dessa forma, acho que posso dizer que sou um grande admirador da diversidade cultural existente no mundo, e o livro que trago aqui hoje, sendo ambientado no País Basco, representa muito bem essas particularidades.
Escrito em 2018 por Fernando Aramburu, Pátria, seu livro de maior sucesso, possui como um dos temas centrais os laços sociais que o ser humano constrói durante sua vida. Nele, conhecemos Miren e Bittori, duas mulheres já com idades avançadas, que durante longos anos chegaram a ser grandes amigas, porém tiveram esse vínculo rompido por questões ideológicas nacionalistas.
Esse fato deriva de uma organização terrorista chamada ETA, que tem como objetivo reivindicar determinados espaços geográficos. A ligação desse grupo extremista com as famílias das personagens citadas acarreta em um entrelaçamento que gera inúmeras consequências: o filho mais velho de Miren acaba se identificando pelas ideias do grupo e se une à organização, por outro lado, o esposo de Bittori acaba sendo assassinado pelo mesmo grupo.
Ao longo de todo o livro, em uma narrativa que mescla o presente e o passado, iremos ser telespectadores dos acontecimentos que rodam essas duas famílias e as interações entre elas. Um dos pontos altos da narrativa vem da preocupação que o autor teve em trazer a perspectiva do enredo por todos os personagens da história, tendo seus núcleos particulares totalmente envolventes.
Estamos há pouco mais de seis meses para o ano acabar, mas acho que posso afirmar que nenhum outro livro terá um impacto tão grande em mim como pátria teve. Uma obra forte, que passeia por temas totalmente relevantes como o olhar sob outra cultura, os horrores que o ser humano é capaz de realizar por um determinado bem, e principalmente, o perdão. Acompanhamos de perto o impacto que um grupo terrorista é capaz de realizar dentro de uma sociedade, servindo como ponto exploratório dessa temática tão recorrente. Deste modo, fica impossível não recomendar esse livro fantástico.
Por: @leituranasnuvens