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Feliciano Vasconcelos Sousa (86 anos), ou somente seu Vasconcelos, é aquela personalidade marcante que você costuma ver pelas ruas de Pedreiras, Maranhão -município que tem lá seus 37 mil habitantes – mas não o deixa passar despercebido. Quem lhe conhece só “de vista” há de lhe desenhar no âmago da seriedade, mas basta uma prosa para nos apresentar o seu largo sorriso. Nos termos da atualidade, seu perfil se encaixa na categoria low profile, que faz referência a uma pessoa discreta, que não se expõe nas redes sociais. Mas como todo bom pedreirense, Vasconcelos tem muita história pra contar.
Filho de piauienses, nasceu em Pedreiras (MA), no dia 26 de outubro de 1937. Durante sua juventude passou por muitas cidades do Maranhão, dentre elas Presidente Dutra, São José dos Basílios e Pirapemas, em busca de oportunidade de trabalho. Foi lavrador, garimpeiro e a sua mais conhecida profissão: farmacêutico. Nesse tempo, até política experimentou.
Aos 25 anos, se encontrou no ramo de farmácia, vendendo remédios de porta em porta. A ausência de médicos nas cidades em que passou o fez ser reconhecido como um, o que lhe motivou a vestir somente branco durante parte da sua vida. “Entrei no ramo de farmácia muito cedo, trabalhando como vendedor ambulante, curando gente nas casas. Em Pirapemas (MA) eu operei até gente”, conta Vasconcelos, orgulhoso de sua profissão.
Sobre as vestimentas brancas: “uns achavam que eu era pai de santo, outros achavam que eu era médico”, conta, dando gargalhadas. Para ele, até uns tempos atrás, o branco ainda lhe cabia e despertava a curiosidade de muitos. “O homem de branco”, por vezes era identificado.
Em dado momento da vida, percebeu que era hora de mudar a forma de se vestir e bastou somente um conselho para abandonar as roupas brancas e abraçar uma nova paleta de cor, o preto, uma cor comumente associada ao luto. O que ninguém esperava é que para Vasconcelos o significado é outro. “Tinha um estilista no Paraíba. Falei pra ele que queria mudar de visual. Ele disse: ‘passa a usar preto que você renova 20 anos’. No outro dia eu já estava de preto. […] é uma mudança muito grande, é preciso ter coragem”, disse.
De fato, seu Vasconcelos nunca passa despercebido. Ele conta que quando tinha seus 40 anos, já tinha casado seis vezes. “Já tinha largado seis mulheres, na sétima, ela me deixou”. Ao questionarmos o segredo de tantas conquistas, ele responde: “charme! O homem tem que ter estilo e perfil. Você andando bem ajeitado você chama atenção”, disse.
Sobre religiosidade, se reconhece como evangélico. “Não vou pra igreja, mas sou evangélico”, fala, ao descrever a história de José de Arimatéia, conhecido como discípulo secreto de Jesus. “Ele não andava com o povo de Jesus, mas a bíblia diz que ele era um homem justo. Eu sou convertido pela minha vida e os meus comportamentos”, finaliza Vasconcelos.