Investir no próprio negócio tonou-se a principal alternativa para muitos pedreirenses. Em meio a pandemia da Covid-19, a quantidade de empreendedores informais aumentou consideravelmente nos últimos cinco meses, em relação à Microempreendedores individuais (MEI), registrados na Receita Federal. Trabalhadores informais movimentaram a economia com vendas online durante o período de isolamento social e após a reabertura do comércio local, a alternativa foi abrir o próprio negócio.
Segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), houve um aumento de 80% nas vendas online nos últimos meses, isso porque, as pessoas passavam mais tempo em casa, de modo a consumirem mais no espaço virtual. Uma oportunidade para muitos que desejam abrir um negócio no conforto de casa. Kayllany Brandão Moreira, 17 anos, resolveu iniciar as vendas de mini bolos recheados, pelo instagram. Ela ressalta que a demanda sempre foi boa e que realiza entregas tomando todos os cuidados de prevenção à covid-19.
“Em meio a esse período tão complicado em que estamos vivendo, vi uma nova oportunidade de trabalhar no conforto da minha casa, levando doces para as pessoas e adoçando a vida delas. Sem contar que é uma forma de eu me ocupar fazendo uma coisa que amo”, contou a jovem empreendedora.
Um dos fatores para o crescimento de empreendedores informais é a alta taxa de desemprego que afeta a população durante a crise da Covid-19 e a alternativa para muitos é investir o dinheiro da rescisão no próprio negócio, como é o caso da Francisca Rayrelle Rodrigues de 26 anos, despedida a pouco mais de quatro meses. Rayrelle conta que durante o período de isolamento social colocou todo projeto no papel e resolveu investir em uma oficina no próprio bairro, Boiada, em parceria com o irmão.
“No início da pandemia, eu e vários funcionários da empresa que trabalhava fomos demitidos, daí recebi meus direitos referentes há quatro anos trabalhados. Durante o isolamento social fiquei pensando o que faria com esse dinheiro, aí me veio a ideia de um investimento com meu irmão que é mecânico. Abri minha oficina há 15 dias, assim que foi decretado a volta das atividades comerciais”, contou a empreendedora.
Segundo dados da Associação Comercial Industrial e Agrícola de Pedreiras (ACIAP), somente três novas empresas realizaram o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) entre março e junho de 2020. O registro formaliza empresas no mercado nacional, tornando o negócio próprio, legal perante a Receita Federal, assim, o trabalhador precisa realizar o pagamento de tributos empresariais. O Diretor da ACIAP, Edivan Pinho, acredita que não houve aumento no cadastro de novas empresas devido ao momento de crise, “tiveram que se adequar para sobreviver a esse momento tão difícil”, declarou o Diretor.
A reabertura dos estabelecimentos comerciais em Pedreiras aconteceu no dia 08 de Junho por meio do decreto N°029/2020 vigorado pelo poder executivo municipal, quando o quadro de dados da Covid-19 chegava a 880 infectados e 26 óbitos, de acordo com dados da prefeitura municipal. A pandemia teve diferentes impactos na economia após a reabertura do comércio. Alguns setores sustentados pelo isolamento social continuarão em alta, como o Ensino a Distancia (EAD), o entretenimento online, ferramentas de homeoffice (trabalho em casa) e setores da saúde, como planos de saúde e seguro de vida.
De acordo com o Economista Fernando Galvão, os setores com maior capacidade de recuperação são os de venda de eletrodomésticos, serviços de beleza e acessórios. Ele ressalta que a economia pós-pandemia sofrerá alterações no tripé que organiza a sociedade: “o consumo, a produção e a renda, vão se transformar, então é preciso que governos, empresas e pessoas, definam os seus objetivos, as suas metas e os seus processos de trabalho para esse novo momento. A palavra de ordem é a ressignificação”, finalizou o economista.
Por Mayrla Frazão – jornalista do O Pedreirense