Após a Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Maranhão, divulgar nesta sexta-feira (26) uma nota confirmando o primeiro caso de uma variante da Covid-19, originalmente identificada no estado do Amazonas, muitas dúvidas sobre a mutação do vírus, os sintomas e até mesmo sobre a eficácia da vacina à nova mutação, permanece entre as principais indagações. A variante, que se encontra em território brasileiro desde o início do ano de 2021, foi denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como P.1, classificada como uma das três mais importantes variantes em circulação do mundo, segundo a OMS.
De acordo com a nota divulgada pela SES, o caso trata-se de pessoa do sexo feminino, de 35 anos que apresentou os seguintes sintomas: “tosse, mialgia, perda de olfato e paladar”. A paciente não tinha comorbidades, por isso, cumpriu a quarentena em isolamento domiciliar, segundo a SES. Desse modo, estudos feitos pelo Office for National Statistics (ONS) do Reino Unido, mostram que apesar da nova variante identificar sintomas similares à Covid-19, menos pessoas apresentaram problemas com a questão do paladar e olfato. Mas muitas dúvidas permeiam as discussões.
Acompanhe abaixo a nota divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde:

Variante P.1: o que os especialistas dizem?
A nova Cepa, que está entre as três variantes da Covid-19 mais transmissíveis do mundo, deixou a OMS em alerta nos últimos meses. No Brasil, a variante foi identificada pela primeira vez em Manaus, o que, segundo especialistas, contribuiu com o colapso na saúde da capital do estado do Amazonas e logo após começou a circular em outros estados do país, até chegar ao Maranhão.
É comum ocorrer novas mutações de um vírus que se espalha em um curto período de tempo, como a SARS-Cov-2 (Covid-19) como explica Rute Andrade, bióloga doutora em saúde pública e membro da Rede Análise Covid-19. “Quando esse vírus que tem essa diferença é identificado por um PCR (Exame que identifica a Covid-19) que foi feito num paciente, você vai dizer que aquele paciente carrega uma variante do vírus original. E essas variantes podem ser inúmeras”, ressalta a bióloga.
A mutação acontece de forma aleatória, geralmente sofrendo muitas modificações genéticas que podem desenvolver não somente outras variantes, mas novas linhagens do vírus ancestral, no caso o SARS-Cov-2. Este pode se tornar um dos grandes desafios de barrar um vírus tão mutável e transmissível como o da Covid-19. É importante ressaltar que isso não significa que o vírus será mais agressivo ou mais transmissível. “Algumas pessoas falam que ‘ele (o vírus) fez uma mutação para causar tal doença ou tal forma de se infectar’. Não. Isso não é direcionado”, completa a pesquisadora Rute Andrade.
Outra discussão entre especialistas em estudos sobre a Covid-19 é que a reinfecção da variante P.1 em pessoas que já tiveram o SARS-Cov-2 pode sim ocorrer. Alguns casos em Manaus da variante foram identificados em pessoas que já tiveram Covid-19. “Um dos motivos é que são variantes diferentes. A imunidade que você tem da cepa original pode não abranger essa segunda”, explica Mellanie Fontes Dutra, pesquisadora da Rede Análise Covid-19. Este aparenta ser um dos pontos de maior preocupação dos poucos estudos desenvolvidos até o momento sobre a variante P.1, o que pode acarretar em aumento de transmissões, podendo assim ocasionar em uma terceira onda da Covid-19 no país.
Mas em meio à proliferação de um vírus de já matou mais de 2,5 milhões de pessoas no mundo, a população depositou na produção de vacina contra a covid-19, a esperança. Mesmo diante da demora da distribuição das doses, a eficácia da vacina à nova variante P.1 ainda passa por estudos preliminares, como afirma a epidemiologista Ethel Maciel. Assim, não há ainda como saber também qual seria o melhor imunizante nesse caso, entretanto, a epidemiologista ressalta que vacinas que agem com o vírus inativo costumam ser mais eficazes. “A vacina de vírus inativado, por usar o vírus inteiro e não só uma parte, parece ser mais estável, é o caso da Coronavac”, concluiu.

A quantidade de estudos no Brasil, voltados para a covid-19 e suas variantes ainda é limitada, por isso, a população aguarda novos estudos em massa que poderão confirmar ou não as hipóteses apresentadas pelos especialistas aqui apresentadas.
Já nesta sexta-feira (26), um estudo de epidemologia genômica realizado por cientistas brasileiros mostra que a Variante P.1 aumenta em dez vezes a atuação do coronavírus, até mesmo em pessoas com idade inferior a 60 anos. “As infecções pela linhagem SARS-Cov-2 foram associadas a cargas virais mais altas. Nossas análises indicaram que a carga viral foi 10 vezes maior nas infecções por P.1”, aponta o estudo.
Por: Mayrla Frazão