Tradição portuguesa que se tornou popular no Brasil, a Folia de Reis [manifestação católica] atravessa gerações e expõe a singularidade do povo brasileiro por meio da celebração dos três Reis Magos [Gaspar, Balthazar e Melchior] ao nascimento de Jesus. Em Pedreiras, há mais de 40 anos, foliões vão às ruas reverenciar este dia. Em virtude da pandemia da Covid-19, nos últimos dois anos, a festa fora adiada e retomou na noite de ontem (06), com o cortejo dos foliões versando religiosidade e trajando alegria e humor, nas roupas, nos instrumentos musicais e no gingado.
“[Este momento] representa alegria, pois o nascimento de Jesus foi uma grande alegria, então as pessoas se fantasiam para ficarem mais coloridas e mais bonitas [que é uma tradição], para saudar Jesus”, relatou Francinete Braga, uma das organizadoras da folia.
Neste ano de 2022, apesar da simplicidade e da tímida quantidade de pessoas, as cores e musicalidade contagiaram o evento. Os artistas Josivan Pereira e Tim Veras, dedilharam, no violão, as canções tradicionais da festa: “Ô de casa, ô de fora, Maria vai ver quem é. São os cantadores de Reis, quem mandou foi São José”, versavam os foliões percorrendo as residências.
À frente do cortejo, seu Joaquim Cantanhêde, de 78 anos, levava não somente a bandeira da festa, mas a sua história e contribuição como sapateiro na cidade. “Um homem de bem, um trabalhador que sempre esteve à frente de sua oficina na profissão de sapateiro, uma das mais antigas,. E foi fazendo sapatos, calçando os pés de várias pessoas que ele conseguiu sustentar sua família”, disse Francinete, anunciando seu Joaquim o homenageado da festa.